Quando a Disney decidiu fazer histórias derivadas e independentes dentro do universo Star Wars um dos primeiros projetos confirmados foi a prequela sobre Han Solo, um dos personagens mais adorados da série criada por George Lucas . O desafio estava posto. Quem herdaria o papel que ajudou a consagrar Harrison Ford?
O americano Alden Ehrenreich não era a primeira opção dos produtores. Kathleen Kennedy, grande mente por trás dos filmes da franquia desde a aquisição da LucasFilm pela Disney, demonstrou contrariedade em relação a Ehrenreich diversas vezes nos bastidores de “Han Solo” , que teve uma produção tumultuada e cheia de intrigas, com direito a demissão dos diretores Phil Lord e Chris Miller .
Os produtores tinham preferência por Taron Egerton que despontara para o estrelato em 2014 com “Kingsman: Serviço Secreto”, mas seus compromissos com a sequência, lançada em 2017 sem muito entusiasmo , impediram que o inglês assumisse o papel do contrabandista mais famoso das galáxias.
Ehrenreich, por seu turno, não havia sido experimentado comercialmente. Ele roubara a cena, é verdade, em “Ave, César”, comédia cínica dos irmãos Coen estrelada por Josh Brolin e Ralph Fiennes, mas parecia muito pouco para balizar o protagonismo em um filme tão grande. A escolha foi anunciada sem a pompa que pautou o anúncio do elenco de “Rogue One”, por exemplo.
Ehrenreich já havia atuado em filmes diversos como “Blue Jasmine” (20013), de Woody Allen, “Um Lugar Qualquer” (2010), de Sofia Coppola e “Segredos de Sangue” (2013), de Chan-Wook Park. Difícil supor que seus predicados como ator não lhe bastassem. Ironicamente queixas sobre seu desempenho tomaram conta dos bastidores do filme e inclusive colegas de elenco sob anonimato reclamaram de sua condição de segurar o papel.
O ator de 28 anos, que naturalmente já carregava grande pressão, se viu em situação ainda mais complicada e análoga a de seu personagem em “Ave,César”, um ator bruto incapaz de exercer um papel mais sofisticado.
Que crise?
O começo de “Han Solo: Uma História Star Wars” faz o espectador temer que os boatos sejam verdadeiros. Ehrenreich parece rígido demais, engraçado de menos e totalmente desconectado do personagem. É preocupante. Mas a coisa começa a fluir conforme a trama avança. “Han Solo” não é um grande filme e as arestas dos problemas nos bastidores estão lá, na dramaturgia arrastada, na ação pouco imaginativa, nos diálogos descompassados e no elenco com pouco entrosamento.
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Ehrenreich, porém, vai domando esse personagem que insistentemente bradaram que ele não seria capaz de dominar e, ao fim do filme, a sensação que se tem é que sua caracterização de Han Solo é uma das melhores coisas do filme. Digna do traço que Ford deu ao personagem, mas também original e com carisma próprio.