Depois de promover uma pequena revolução e arrecadar mais de US$ 780 milhões nas bilheterias globais, “Deadpool”, um projeto caro a Ryan Reynolds se tornou um fenômeno pop e influente . Devido a seu sucesso pudemos ver um filme como “Logan”. A sequência foi abraçada pela FOX que deu carta branca a Reynolds que inclusive trocou o diretor depois ter divergências criativas com o comandante do original.
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David Leitch (“Atômica” e “De Volta ao Jogo”) assumiu a direção e deu a “Deadpool 2” cenas de ação mais bem coreografadas, mas ele tem problemas em segurar o ritmo do filme que acaba se transformando em um sintoma da indústria que objetiva satirizar.
O desafio era grande. O primeiro longa-metragem se legitimou e alcançou o Olimpo da cultura pop por satirizar todo um gênero que estava – e ainda está – no topo da cadeia alimentar em Hollywood. Era muito claro que seria preciso ir além. Os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick – Reynolds também está creditado no roteiro – expandiram o escopo da metalinguagem e trouxeram ainda mais referências da cultura pop (reparem na brincadeira com James Bond) e estruturam o filme como uma resposta bem sacada a “Logan” (2017). A metalinguagem 2.0 funciona e bem, mas não segura o filme a todo tempo.
O forte de “Deadpool” são as piadas e elas são disparadas sem dó nem piedade como rajadas. É impossível não se entreter. A dinâmica do tagarela Reynolds com Josh Brolin, que faz o taciturno e sisudo mutante Cable, é ótima e lembra os filmes de duplas policiais dos anos 80 como “Máquina Mortífera” e “48 Horas”.
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A trama
O mote lembra vagamente o de “Logan”. Wade Wilson precisa amadurecer – ou colocar seu coração no lugar, como exorta sua namorada Vanessa (Morena Baccarin) – e precisa proteger uma criança fora dos padrões que é torturada em um Centro de Detenção para Mutantes e que, no futuro, será a responsável pela morte da família da Cable. Daí a razão do viajante temporal estar em seu encalço. Se em “Logan” tudo é grave e dramático, aqui o tom galhofeiro predomina, o que não torna o filme menos família, no sentido de conter uma moral convencional e bem embalada.
Humor
O fato de ter consciência de que é um filme – e um filme não lá muito memorável – liberta “Deadpool 2” de algumas amarras. O expediente foi providencial no original e é novamente fundamental. A quebra da quarta parede (que possibilita que o protagonista intereja com o público) continua sendo um recurso útil e eficaz na sedução do público e o talento e carisma de Reynolds fazem da relação do espectador com o filme mais focal. A maneira como o personagem descasca tudo e todos – inclusive o próprio Reynolds – é salutar.
Mais do que não se levar a sério, o filme se esforça para ser uma bomba de risos e essa disposição se verifica pelo fato do longa ser um presente para os fãs. Há um público alvo e o filme mira nele sem medo de ser feliz.
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É justamente esse humor cheio de nitroglicerina que faz com que a percepção sobre “Deadpool 2” seja positiva. Se a obra não tem fôlego para sustentar sua trama, a própria sinaliza isso com muito sarcasmo. Não é a honestidade brutal do primeiro filme, não sustentaria um terceiro, mas cobre bem as arestas do segundo.