Como tem sido a tônica nos últimos anos, o Brasil não terá um filme na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro, mas isso não quer dizer que o Brasil não terá representação no Oscar 2018. Além das chances de “O Touro Ferdinando”, dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, figurar entre os indicados a melhor animação, um brasileiro pode estar na disputa pela principal estatueta do Oscar , a de melhor filme. Trata-se do produtor Rodrigo Teixeira.

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Rodrigo Teixeira, à esquerda, e Martin Scorsese, à direita, com quem o brasileiro está colaborando em um projeto para financiar novos diretores
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Rodrigo Teixeira, à esquerda, e Martin Scorsese, à direita, com quem o brasileiro está colaborando em um projeto para financiar novos diretores

Rodrigo Teixeira é o principal responsável pelo hit e elogiadíssimo “Me Chame pelo Seu Nome”, desde quinta-feira (18) em cartaz nos cinemas brasileiros. A produção que mostra a história de paixão entre o jovem Elio (Timothée Chalamet) e o estudante americano Oliver (Armie Hammer) em um verão no Norte da Itália na década de 80 causou sensação no festival de Sundance em 2017 e depois de concorrer ao Globo de Ouro e ao Critic´s Choice Awards chega forte ao Oscar.

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O filme consagra o olhar aguçado de Teixeira que costuma comprar os direitos de livros que gosta e nos quais identifica potencial fílmico. O produtor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro e criado em São Paulo, está em franca ascensão. Ele pode até mesmo voltar ao Oscar em 2019. Lança no Natal deste ano seu projeto mais ambicioso, pelo menos em termos de orçamento. “Ad Astra” o junta a Brad Pitt e ao prestigiado James Gray (“Era uma Vez em Nova York” e “Z: A Cidade Perdida”). O produtor também se associou a Martin Scorsese com quem formou um fundo para financiar novos diretores. São cinco projetos a princípio. O primeiro, “A Ciambra”, rendeu indicação a melhor diretor no Spirit Awards.

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Rodrigo Teixeira com o elenco e equipe de "Me Chame pelo Seu Nome"

A primeira experiência desse cinéfilo como produtor foi com “O Cheiro do Ralo” (2006), de Heitor Dhalia. Produzida com pouco mais de R$ 300 mil, a fita rendeu mais de R$ 1,5 milhão nas bilheterias nacionais. A ideia era se lançar nos EUA e ele se uniu a um festejado cineasta do circuito indie nova-iorquino para tanto. Com Noah Baumbach rodou o ótimo “Frances Ha” (2012), que entre outras virtudes revelou Greta Gerwig, curiosamente outra sensação da vigente temporada de prêmios com seu “Lady Bird”.

O filme foi um hit no circuito independente e valeu um repeteco nessa parceria com “Mistress America” (2015). Nesse espaço de três anos, no entanto, Rodrigo Teixeira e sua RT Features se consolidaram na seara do cinema independente com negócios bem costurados tanto no Brasil, onde produziram filmes como “Abismo Prateado” (2011), “Heleno” (2011), “Quando Eu Era Vivo” (2014), “Alemão” (2014) e “Tim Maia” (2014), como nos EUA onde financiaram  “A Bruxa” (2015), “Movimentos Noturnos” (2013) e “O Amor é Estranho”. Teixeira também esteve envolvido na produção de “Love” , polêmico e ótimo filme de Gaspar Noé.

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Rodrigo Teixeira e sua mulher, a publicitária e cineasta Maria Raduan

A musculatura da RT Features está cada vez melhor e mais filmes são lançados por ano. Em 2016 foram cinco lançamentos e outros quatro em 2017. Inegavelmente “Me Chame pelo Seu Nome” é a cereja do bolo, mas “Patti Cake$” ressalta que Teixeira não descuida da qualidade de suas produções. Ainda existe a expectativa por um filme ruim com o dedo do brasileiro, mas é recomendável esperar sentado.

Membro da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood desde 2016, Rodrigo Teixeira está prestes a se tornar um indicado ao Oscar. Ele está cada vez mais confortável na posição de fazer muito pelo cinema brasileiro, mas principalmente pelo cinema como um todo.

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