Não é preciso ser fã dos sertanejos Zezé Di Camargo e Luciano para se encantar com a história da família humilde que conseguiu, através da música, conquistar o Brasil. Semelhante a um dos filmes nacionais de maior sucesso, o musical "2 Filhos de Francisco", narra a trajetória dos goianos, da infância até a explosão do hit “É o amor”. O espetáculo, que está em cartaz no Teatro Cetip, em São Paulo, empolga, emociona e faz o público cantar e dançar.
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Para a narrativa, o musical " 2 filhos de Francisco " se apropria de grandes clássicos do sertanejo, porém, a maioria das músicas ganhou novos arranjos para se encaixar nas falas das personagens. Mesmo não sendo usado de forma exagerada, ainda fica nítido que a música caipira é, sim, um dos grande destaques.
Mais destaque para Helena
Uma das diferenças mais notáveis entre o filme e o musical, é que na montagem para o teatro, Helena, mãe da dupla, ganha mais espaço. “Isso é um reconhecimento do papel da mulher na fundamentação de uma família. Na criação e educação. Para mim, Helena é o amor e a generosidade”, afirma Laila Garin, atriz que foi convida para o papel.
“Fiquei feliz de poder viver a posição equivalente a de tantas mulheres brasileiras. Mulheres que batalham muito para criar seus filhos, mulheres que migram do interior para capital em busca de melhores condições de vida, mulheres que cuidam, que trabalham em silêncio, que são os alicercem das famílias, mas que estão nos bastidores e não nos holofotes”, completa a atriz ao iG .
Condutor da história
Entretanto, o que ainda dá graça e consistência para a história é o pai que no passado foi chamado de “louco” por fazer o possível e o impossível para dar um futuro melhor a seus filhos. “O personagem do Francisco é o condutor dessa história. E somente pelo fato dela estar sendo contada no teatro e também por outro ator, torna o Francisco do musical diferente do Francisco do cinema”, diz o ator Rodrigo Fregnan que diverte em cena.
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Rodrigo teve o filme como guia, mas para viver seu próprio Francisco usou a experiência rural que possui. O ator consegue passar em cena a imagem de um homem que é "porreta" e ao mesmo tempo doce. “Francisco é o motor de propulsão da história, mas que não perde a poesia, a delicadeza. Essa foi a minha maior preocupação na hora de criar o personagem”, acrescenta.
Muitas semelhanças
No segundo ato da peça, quem impressiona é Beto Sargentelli na versão adulta de Mirosmar, mais conhecido como Zezé Di Camargo. Os trejeitos, a forma de andar, a voz, tudo é muito parecido. O mais interessante é que o ator consegue expor o timbre o famoso sertanejo sem deixar de cantar como se exige em um espetáculo musical.
“O objetivo não foi imitar, mas sim realizar um trabalho técnico e estudo emocional do papel para me aproximar dos timbres da voz falada e cantada do Zezé e soar verossímil, e como realizar isso com saúde vocal tendo, em vista que são totalmente diferentes dos meus”, conta Sargentelli ao iG .
Interação com o público
Para o ator Bruno Fraga, interprete de Luciano na fase adulta, há um nível de complicação maior para compor um personagem que é tão conhecido do público. Na parte final do espetáculo, é simulado um show da dupla e nesse momento os espectadores costumam soltar a voz.
“Cantar com o público é uma delícia, as músicas são ótimas e ter a energia das pessoas torna o momento ainda mais gostoso”, expõe o ator que também revela: “Não me sinto o próprio Luciano, mas me sinto um cantor muito famoso interagindo com o público. Na verdade, eu me sinto brincando de ser Luciano”.
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Sem dúvidas, “2 filhos de Francisco” é um musical nacional que dá gosto de assistir. Elenco, músicas, cenário, tudo contribui para o sucesso do espetáculo. “O que torna essa história cativante é o fato de ser uma grande jornada brasileira de superação e amor à música. A luta de um pai por uma vida melhor, a superação e perseverança do Zezé em meio a tantas intempéries reflete a luta da maioria dos brasileiros”, finaliza Beto Sargentelli.