A história de Florípides já é bem conhecida pelo povo brasileiro. Jovem, ela acaba tornando-se viúva antes do tempo, depois da morte súbita de Vadinho, seu marido, em uma festa de carnaval. Para alguns, como a mãe de Dona Flor, como é conhecida, a morte do homem é um alívio, já que ele tinha fama de curtir uma farra como ninguém. Para outros, é uma perda sem precedentes, como para a própria Florípides. A obra de Jorge Amado, publicada em 1966, tornou-se um dos romances mais conhecidos do escritor brasileiro e ganhou diversas adaptações para os palcos e frente às câmeras, como o longa homônimo de 1976. Entretanto, o clássico da literatura, agora, teve a sua história readaptada nas mãos de Pedro Vasconcelos e com o protagonismo da icônica Juliana Paes .

Dona Flor e seus dois maridos é estrelado por Juliana Paes, Leandro Hassum e Marcelo Faria
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Dona Flor e seus dois maridos é estrelado por Juliana Paes, Leandro Hassum e Marcelo Faria

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Dona Flor ressurge nos cinemas mais de 50 anos depois da publicação da obra, trazendo a contemporaneidade de Jorge Amado para a sétima arte. No novo filme, a história permanece a mesma, mas o contar é outro. Talvez a experiência de Vasconcelos com a televisão, já que ele também foi diretor da recente novela “A Força do Querer” e do fenômeno “Império”, dá um ar diferente para a nova versão da história do escritor baiano.

O longa possui uma trilha sonora bastante fiel, trazendo músicas “temas” para cada situação, com grandes ícones do samba e forró, como Clara Nunes e Luiz Gonzaga na bagagem. Além disso, os hábitos comuns dos folhetins da Globo retornam com toda a força para a telona, como o sotaque forçado e estereotipado do Nordeste ou as cenas curtas que funcionam quase como esquetes, provocando riso fácil e rápido do espectador.

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Juliana Paes, por sua vez, que também protagonizava recentemente a novela “A Força do Querer” como Bibi Perigosa, ressurge no longa como Dona Flor, em um papel onde a inocência e a sensualidade se fazem presentes. A atriz traz para as telonas a evolução de uma jovem inocente e recatada, que segue as normas sociais e os bons modos da época, descobrindo e dominando a sua própria sexualidade. Em tempos onde a discussão sobre a posição da mulher na sociedade é frequente, a interpretação da atriz no longa como uma pessoa de desejos sexuais – muitas vezes não supridos – e até mesmo enquanto vítima de violência doméstica é um dos motivos que faz com que “Dona Flor e Seus Dois Maridos” seja tão atual quanto na época de sua publicação.

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Divulgação

Cena de Dona Flor e seus Dois Maridos

Já observar Leandro Hassum em um personagem tão sem sal é uma experiência controversa. O humorista, que sempre esteve presente em programas de televisão com personagens em que a comédia transborda as suas atuações, agora aparece como uma figura pouco complexa e sem graça. Apesar de ser o representante do bom moço da história, é muito difícil estabelecer empatia com um personagem que parece estar mais morto que o próprio morto da história, Vadinho (Marcelo Faria). Este, por outro lado, consegue conquistar o público em poucos minutos, por mais defeitos que carregue em sua bagagem enquanto um homem vivo ou erros que tenha cometido – mesmo que do outro lado da vida.

O novo filme de Vasconcelos, que também assina a direção de “O Concurso” (2013), pode não ter a mesma magia que a obra de Jorge Amado é capaz de produzir, mas é uma boa contribuição para o entretenimento brasileiro.

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Estreia

O filme “Dona Flor e Seus Dois Maridos” estreia nesta quinta-feira (2) no Nordeste e no Sudeste no dia 23 deste mês.

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