Mais do que em qualquer outra época, a sociedade está disposta a inflexões e o papel e a percepção da mulher são temas amplamente discutidos pela opinião pública. Esse debate ganha a contribuição da série especial “A Mulher no Cinema”, que estreia nesta terça-feira (24), às 21h, no Canal Brasil.

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A cineasta Laís Bodanzky e Simone Zoccolotto em A Mulher no Cinema, que estreia no Canal Brasil
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A cineasta Laís Bodanzky e Simone Zoccolotto em A Mulher no Cinema, que estreia no Canal Brasil

Idealizado pela crítica, roteirista e apresentadora Simone Zuccolotto , que já comandou outras séries que pensam o cinema para o canal, como, por exemplo, “Nas Sombras do Medo – O Cinema de Terror no Brasil”, “A Mulher no Cinema” elabora um panorama robusto, problematizante e propositivo acerca de questões como a representatividade da mulher no cinema, o espaço feminino no business, entre outras coisas.

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“Todo ano dirijo algo para o Canal Brasil e troco muito com a direção do canal. Ano passado chegamos a esse assunto e eu, na verdade, hesitei um pouco no início”, admite Zuccolotto em bate-papo com o iG Gente . “Temia que virasse um programa panfletário. A ideia não era essa”, observa. “Depois da pesquisa, cheguei à conclusão que não dava para falar de representatividade sem entrar nisso um pouco. Mas não é um programa de bandeira. Não é para cisões e elucubrações feministas”. Não é mesmo. O programa, que é dirigido por Zuccolotto, relativiza e problematiza as vertentes do discurso femininas que surgem a todo o momento; avalizando-se como uma proposta inteligente e reflexiva sobre um assunto bem contemporâneo.

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A cineasta Anna Muylaert com Simone Zuccolotto

Simone reforça o norte do programa. “Tem essa relação com o feminismo, mas não é panfletário. Só estou abrindo para uma reflexão. A partir de números e estatísticas que estão por aí”. De fato, no 5º episódio, por exemplo, a partir de estatísticas divulgadas pela Ancine e de uma pesquisa sobre representatividade de gênero e raça feita por uma ONG, há toda uma investigação a respeito dos avanços e retrocessos em relação ao espaço da mulher na cadeia produtiva de cinema. Por que há mais produtoras do que diretoras? E o que a representação de mulheres negras no cinema tem a ver com essa história?

“A Mulher no Cinema” tem um ótimo time de mulheres. Todos os episódios abrem com Maeve Jinkings lendo trechos de escritos da filósofa francesa Simone de Beauvoir, um ícone do movimento feminista. Entre as entrevistadas por Zoccolotto, Glória Pires, Fernanda Montenegro, Marcia Tiburi, Mariza Leão, Helena Ignez, Lúcia Murat, Anna Muylaert e Laís Bodanzky. Todas agregam ao debate e revestem o programa de uma bem-vinda multiplicidade.

“A Nélida Piñon foi uma grande surpresa, que contribuiu muito com o programa e tem frases assim superinteressantes”, derrete-se a apresentadora. Ela conta que já sabia mais ou menos o que esperar da “galera do cinema” por ser um perfil mais insider, mas que justamente por isso trouxe para o debate figuras como a escritora e a filósofa Marcia Tiburi. Afinal, “é um assunto que interessa à sociedade”. Zoccolotto garante a efetividade da estratégia. “Os olhares de fora do cinema, mas para o cinema foram enriquecedores e surpreendentes”.

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Um luxo! A escritora e integrante da ABL, Nélida Piñon com Simone Zuccolotto em A Mulher no Cinema
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Um luxo! A escritora e integrante da ABL, Nélida Piñon com Simone Zuccolotto em A Mulher no Cinema

Para Zuccolotto, uma coisa que fica claro ao longo da série é a diferença de tom entre as gerações. O feminismo vai se moldando de uma maneira diferente. E cita Piñon, para extrapolar no charme de seu argumento. “Na verdade, todo movimento é histriônico e só depois vai para a cátedra e ganha densidade”.

De um modo inteligente, inclusivo e essencialmente propositivo, “A Mulher no Cinema” se oferece como modulador de um debate vivo, pulsante e que tem no cinema uma de suas muitas faces.

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