Luxo é ter conteúdo. Esse é um dos aforismos que surgem no primeiro capítulo de “Manual do Lord”, sinteticamente chamado “Questão de Estilo”. O livro é fruto de cerca de 25 anos de elaborações, realizações e elucubrações que Fabrizio Rollo , um esteta do estilo que já foi editor de Vogue Brasil e diretor de estilo de Casa Vogue e Homem Vogue Brasil, cuidadosa e disciplinadamente anotou em 33 moleskines.
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O guru do estilo do Brasil, como cunhado foi por publicações como Elle Decor US e AD Spain, lançou o livro em 25 de maio deste ano e agora se prepara para um lançamento em Portugal no português local. O lançamento, previsto para novembro, deve ocorrer em uma quinta-feira, já que este é o dia da semana astrologicamente indicado para lançar um livro, confidenciou Rollo em um papo divertido e aberto com a reportagem do iG a respeito de “Manual do Lord” . “Foi um sucesso o lançamento e fiquei dando autógrafos por quatro horas”, se recorda sobre o lançamento ocorrido no Hotel Fasano em São Paulo.
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O livro de Rollo traz uma proposta muito simples. Discutir e propor ações elegantes, que pode ser essencialmente conceituais, mas também valiosas dicas do dia a dia. “’Você tem muitas ideias. Vai anotando em um caderninho’, me disse alguém certa vez e na hora eu tive a sacada que um dia eu ia publicar isso em um livro”, relembra.
Espírito de seu tempo
Rollo banha sua obra de um senso de humor genuíno e espirituoso que torna a leitura agradável e cumpliciosa. Alguns de seus pensamentos soam nossos, outros inequivocamente pontuais e pertinentes, alguns talvez causem estranheza por serem particulares demais. Mas quem nunca se ressentiu de alguém falando ao celular no elevador? Ou estar conversando com o gerente do banco e ser interrompido “só um minutinho”?
Rollo se assume como “um homem moderno tradicional” e defende que “certas referências não podem ser perdidas” e vê com preocupação o momento que estamos vivendo. “A boa educação está desaparecendo. A globalização, de certo modo, trouxe essa cultura da individualização”, filosofa. “O ego do ser humano está absolutamente incontrolável”, observa e cita o exemplo de quando se está caminhando na rua e enxerga uma pessoa vindo em sua direção e sempre se vê na necessidade de desviar, já que do contrário chocariam-se.
Ele entende que esse fenômeno deriva, em parte, do advento das redes sociais. “As pessoas querem impor a maneira que elas pensam e hoje todo mundo é editor. Todo mundo faz sua edição”. Nesse sentido, “Manual do Lord” é um resgate, mas também um movimento de resistência. “As pessoas acham que ser moderno é quebrar regras. Pode até ser”, reflete. Mas ser moderno é ser livre de preconceitos, defende em seu livro.
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Uma capa com algo a dizer
Rollo não queria estar na capa de “Manual do Lord”. Mas foi convencido durante o processo de produção. Sua imagem de costas, que lhe causou hesitação a princípio (“estar de costas para alguém não é uma postura elegante”), é uma pulsão estética, afinal, “ a beleza não tem frente” e é, também, um desafio. “Estou na capa não como o Fabrizio, mas como algo que vale a pena ver do outro lado” Isso é arte!”. Luxo é ter conteúdo.