A Marvel tinha um plano ambiciosos em 2008, quando lançou “ Homem de Ferro ”. Essa não era a primeira tentativa de adaptar uma série de quadrinhos para o cinema, mas essa era a primeira vez que um projeto reunindo diversas histórias acontecia. A chamada “Fase 1” foi, em geral, um sucesso, que culminou em “ Os Vingadores ”. O resultado positivo do filme incentivou a Marvel Studios, cuja dona é a Disney, a continuar o projeto. Quando a “Fase 2” foi anunciada, ficou claro que a companhia estava apostando de vez em expandir o Universo Marvel nos Cinemas, sempre focando em mantê-lo unido (parte da mesma história).
Leia também: Novas imagens do filme “Pantera Negra”, da Marvel, são divulgadas
Em outra parte da cidade, a DC e a Warner viviam outro momento: a trilogia do Batman de Christopher Nolan era um sucesso com o lançamento de “ Batman : O Cavaleiro das Trevas” no mesmo ano, porém a empresa tinha dificuldade de tirar outros projetos do papel, que culminassem na “ Liga da Justiça ”. Aos trancos e barrancos, a Warner tropeçou diversas vezes. O primeiro tropeço foi “Superman - Retorno” em 2006, seguido de “Lanterna Verde” em 2011. Depois disso, outro ator foi escalado para interpretar o Homem de Aço e, se há um elogio a ser feito aqui é que eles não desistiram. Talvez o maior problema da DC tenha sido apostar todas as suas fichas em uma pessoa só: Zack Snyder. Não por que ele não tenha talento, mas por que sua visão específica para o Universo da DC nos cinemas anuviou outras possibilidades e parecia ter como propósito ser o oposto da Marvel . “Batman Vs. Superman” manteve a sequência de fracassos, assim como “Esquadrão Suicida”.
Leia também: Cresce percepção de que "Thor: Ragnarok" é o filme "diferentão" da Marvel
Sem comparações?
Goste ou não, a Marvel e a Disney desenvolveram um bom sistema para apresentar, produzir, divulgar e alinhar seus filmes ao longo dos anos. E o esquema pegou. Junta-se a isso o fato de que a maioria dos filmes teve boa resposta do público e da crítica, e fica difícil não comparar o sucesso da Marvel com os sucessivos fracassos da DC nos cinemas.
Mas, além da comparação física, a estética também é evidente. Os filmes de Zach Snyder tem um visual mais obscuro e são mais dramáticos, enquanto a Marvel não teme fazer filmes leves, coloridos e divertidos. A “Fórmula da Marvel” obviamente deu certo sob a supervisão de Kevin Feige , CEO da Marvel Studios, enquanto na DC o resultado não foi tão positivo até agora.
O maior problema da casa do Batman é a “bagunça” mesmo. Feige, quando iniciou os planos da Marvel, pensou muito bem nas fases. A primeira delas apresentaria os super-heróis que se tornariam “Os Vingadores” em 2012.A partir de então, novos heróis foram introduzidos para renovar o elenco e continuar com os novos Vingadores. Assim, as fases seguintes introduziram o Homem-Formiga, Pantera Negra, Feiticeira Escarlate e Falcão, entre outros, além de introduzir um grupo do espaço, os “ Guardiões da Galáxia ”. Tudo isso culminará, em 2018, em “Os Vingadores: Guerra Infinita” e nas fases que seguirão.
Sabe-se que os contratos dos Vingadores originais, interpretador por Chris Evans, Robert Downey Jr., Mark Rufallo, Scarlet Johansson, Jeremy Renner e Chris Hemsworth se encerra após os capítulos finais de Vingadores, que inclui ainda outro filme em 2019. Portanto, o estúdio já está se preparando para seguir sem eles. A “Fase 4” da Marvel, que começa após o último Vingadores já incluem três filmes sem título, que devem renovar os heróis.
Claro que, só por que esse esquema, que inclui manter todos os filmes no mesmo universo, funciona para a Marvel, não significa que a DC precisa seguir. Mas esse é o tipo de fórmula que vale a pena investir e a DC/Warner simplesmente não consegue por conta de sua equipe. “Não é caótico, é intencional” promete Diane Nelson, presidente da DC Entertainment em entrevista para a Vulture .
Mas caos é exatamente o que parece. Enquanto os produtos relacionados a DC fora do cinema prosperam, a Warner parece não saber o que fazer em relação aos filmes. A decisão mais confusa dos últimos anos foi justamente a escalação de Ben Affleck , querido do estúdio, como Batman. Não só isso, ele ganhou a oportunidade de dirigir o filme solo do morcego, escrever e produzir, ou seja, carta branca. Depois desistiu, em uma história muito mal contada , de escrever e dirigir o longa (ainda) prometido para 2018.
Arrumando a casa
A DC parece ainda não ter chegado em um acordo sobre o que fazer com seus heróis e suas histórias, mas um ponto de partida, pelo menos, eles já tem: “ Mulher-Maravilha ”. O filme da amazona foi um sucesso enorme e deu fôlego para continuar com os planos de apresentar novos super-heróis. E assim será quando “Liga da Justiça” estrear no cinema em 16 de novembro. Conheceremos Aquaman, Ciborgue e The Flash, todos com filmes solos prometidos. A essa altura no campeonato, a DC já conseguiu formar também uma linha do tempo de lançamentos futuros. Por enquanto está assim: “Aquaman” em outubro de 2018, “Shazam” em 2019, “Ciborgue” e “Lanterna Verde” em 2020.
Leia também: Entretenimento de primeira, “Mulher- Maravilha” é o filme que o mundo esperava
Mas, além disso, já foram prometidos, e depois cancelados, e depois confirmados, e depois confirmados mas sem relação com os citados acima, filmes solo do Coringa, Batman, Arlequina e vilãs femininas da DC . Confuso não?
A verdade é que, mesmo com o envolvimento mais próximo da DC Entertainment nas produções cinematográficas da Warner, ainda não há uma unidade, um consenso sobre o que fazer com esses filmes e ideias que pipocam.
Mas, não dá pra dizer que a Warner não tenta. Aliás, se houvesse um prêmio para estúdio que mais tenta, a Warner merece ganhar na categoria “Temos Direitos de Histórias de Super-Heróis Incríveis e Não Sabemos o Que Fazer”.
Vira casaca
Um dos possíveis trunfos da DC para reorganizar a “bagunça” é ninguém menos que Joss Whedon. Sim, um dos principais responsáveis pelo sucesso da Marvel no cinema, Joss Whedon foi chamado pela Warner para trabalhar na pós-produção de “Liga da Justiça” e já está envolvido em um roteiro sobre a Batgirl.
E agora?
A Marvel estabeleceu um padrão de dois a três filmes por ano. A DC está chegando nesse ritmo. Resta saber se eles encontrarão sua própria identidade, enquanto mantém a longevidade da franquia. Mesmo apostando em filmes que ninguém pediu, como uma história do Coringa, a companhia pode, por enquanto, respirar aliviada com um futuro garantido. Mesmo que Ben Affleck não continue nas produções futuras e Henry Cavill demonstre pouca afinidade com o papel de super-herói, em novembro saberemos o potencial dos outros heróis de continuar o vasto legado da empresa nos quadrinhos .