Olhando para a realidade como base de suas histórias e investigações, livros-reportagens são uma verdadeira imersão em temas densos e polêmicos como tráfico, assassinatos, drogas, sexismo e crimes de guerra. Listamos alguns dos maiores títulos de livros-reportagens que já foram escritos para aqueles que querem explorar a vida como ela é em seus aspectos mais crus. 

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“A Sangue Frio” – Truman Capote

Truman Capote investiu em um livro-reportagem sobre assassinato brutal que chocou cidade americana em 1959
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Truman Capote investiu em um livro-reportagem sobre assassinato brutal que chocou cidade americana em 1959

Um crime brutal abalou uma pequena cidade americana no final da década de 1950. Um mês após o assassinato de toda a família Cuttler, o jornalista Truman Capote viajou para o local do crime e começou uma intensa pesquisa seguindo de perto os desfechos da tragédia. O autor relata em seu livro  como era a relação dos mortos com a cidade, a investigação policial e, por fim, o desfecho do crime quando os dois culpados são condenados à morte por enforcamento. "A Sangue Frio" é um dos livros-reportagens mais importantes de sua época.

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“Abusado – O Dono Do Morro Dona Marta” – Caco Barcellos

Caco Barcellos desmistifica esterótipos do crime na investigação feita para seu livro-reportagem ''Abusado''
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Caco Barcellos desmistifica esterótipos do crime na investigação feita para seu livro-reportagem ''Abusado''

Não há certo ou errado na história do livro “Abusado”, um extenso perfil do líder do tráfico do Morro Dona Marta, no Rio de Janeiro, cunhado pelo jornalista Caco Barcellos. Superando as expectativas da sociedade de hostilizar infratores, o autor revelou o olhar do traficante mais conhecido como “Poeta” sobre os problemas sociais que rondavam a vida na favela e seus ideais pacificadores que começaram a lhe causar problemas no universo da criminalidade. Com uma infância conturbada, “Poeta” logo cedo começou a flertar com o tráfico e logo se tornou um dos bandidos mais procurados do Rio, e é a partir disso que Caco Barcellos desconstrói a imagem estereotipada dessa classe.

“Eichmann em Jerusalém” – Hannah Arendt

A filósofa judia Hannah Arendt registrou o julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann em um livro-reportagem
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A filósofa judia Hannah Arendt registrou o julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann em um livro-reportagem

Hannah Arendt acompanhou o julgamento do oficial nazista Adolf Eichmann em Jerusalém após ele ser capturado na Argentina. Judia, Arendt inicialmente publicou suas reflexões sobre o acontecimento histórico na revista The New Yorker, abordando aspectos que a chocaram durante o julgamento. O que torna “Eichmann em Jerusalém” tão impactante é a forma como a filósofa retratou o que via: a capacidade do Estado em transformar a barbárie em atividade burocrática foi o principal ponto explorado em sua narrativa.

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“Fama e Anonimato” – Gay Talese

''Fama e Anonimato'' de Gay Talese é um dos livro-reportagens mais comentados já escritos por seu estilo narrativo
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''Fama e Anonimato'' de Gay Talese é um dos livro-reportagens mais comentados já escritos por seu estilo narrativo

Uma série de reportagens de Gay Talese para a revista Esquire transformou-se no livro “Fama e Anonimato”, que traça um perfil do universo urbano de Nova York a partir de narrativas de personagens que compõe o cenário da metrópole. Uma das passagens mais conhecidas do trabalho é o retrato que Talese fez de Frank Sinatra, considerado um dos perfis mais icônicos do músico e uma importante peça do movimento chamado de jornalismo literário .

“Hiroshima” – John Hersey

O jornalista John Hersey entrevistou sobreviventes da bomba-atômica no livro-reportagem ''Hiroshima''
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O jornalista John Hersey entrevistou sobreviventes da bomba-atômica no livro-reportagem ''Hiroshima''

Apenas um ano após os Estados Unidos bombardearem o Japão, John Hersey documentou a história de seis sobreviventes da bomba-atômica que vivenciaram o terror na pele. “Hiroshima” descreve o pânico e o desespero que assolou aqueles que estavam próximos ao epicentro do ataque e quase perderam suas vidas de forma trágica. A história originalmente publicada na americana The New Yorker reflete os horrores da guerra de uma forma tão impactante que, para o leitor, é quase impossível não sentir a agonia e a angústia desses sobreviventes que, mesmo depois do ataque, tiveram suas vidas destruídas até o final de seus dias.

“O Jornalista e o Assassino” – Janet Malcolm

Janet Malcolm escreveu sobre ética da relação entre jornalista e um assassino em seu livro-reportagem
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Janet Malcolm escreveu sobre ética da relação entre jornalista e um assassino em seu livro-reportagem

Janet Malcolm soube como ninguém explorar o campo nebuloso da ética quando interesses pessoais se cruzam com o exercício do jornalismo. Malcolm investigou de perto o intrigante caso de um médico que estava sendo julgado pelo homicídio de sua família convidou um jornalista, Joe McGuiniss, para relatar seu caso em um livro – mas, em contrapartida, ele ficaria com uma parte dos lucros da obra. Assim, a jornalista desvenda que por trás da história publicada havia interesses de ambas das partes que corromperam a verdade e transformaram o caso em um grande teatro.

“Olga” – Fernando Morais

Livro-reportagem de Fernando Morais é uma biografia da revolucionária alemã que viveu no Brasil Olga Benário
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Livro-reportagem de Fernando Morais é uma biografia da revolucionária alemã que viveu no Brasil Olga Benário

Biografia de Olga Benário, revolucionária comunista que foi mandada grávida para a Alemanha por Getúlio Vargas, relembra seus dias desde o início de sua militância nos pequenos grupos organizados em subúrbios alemães até sua chegada ao Brasil como parte de uma missão secreta. O jornalista Fernando Morais retratou, de forma quase cinematográfica, a brilhante carreira que Olga teve como membro do Comitern e sua importância histórica no país, onde, ao lado de Carlos Prestes, organizou um golpe de estado fracasso. Sua vida teve um fim trágico em uma câmara de gás em um campo de concentração nazista em 1942, quanto tinha apenas 34 anos.

“Presos Que Menstruam” – Nana Queiroz

Livro-reportagem ''Presos que Menstruam'', da jornalista Nana Queiroz, fala da humilhação dos presídios femininos do país
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Livro-reportagem ''Presos que Menstruam'', da jornalista Nana Queiroz, fala da humilhação dos presídios femininos do país

Frente à realidade brutal da vida no cárcere no Brasil, Nana Queiroz teve a sensibilidade de retratar o que é, de fato, a vida das mulheres que são presas no País. Descaso, falta de higiene e violência são recorrentes entre as detentas, que não tem seus direitos básicos respeitados dentro das prisões brasileiras. O drama por trás da vida dessas mulheres que perdem sua dignidade foi abordada pela autora que faz quase uma denúncia para a falta de condições que essas mulheres sofrem. Os relatos feitos por Nana são chocantes e, em certos casos, é até difícil imaginar que determinadas situações ainda aconteçam nos dias de hoje.

“O Teste do Ácido do Refresco Elétrico” – Tom Wolfe

Tom Wolfe acompanhou grupo alternativo que pregava uso de LSD na década de 60 em seu famoso livro-reportagem
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Tom Wolfe acompanhou grupo alternativo que pregava uso de LSD na década de 60 em seu famoso livro-reportagem

Tom Wolfe mergulhou no universo psicodélico do LSD para retratar a vida de Ken Kensey e seus seguidores, um grupo que acreditava nos poderes de transcendência do ácido e idealizavam festa e rituais em torno do uso da substância alucinógena. Wolfe soube como ninguém captar os delírios do grupo em espalhar sua filosofia e, por fim, sua decadência quando o líder se torna um procurado da polícia e precisa fugir para o México na tentativa de escapar de uma condenação e continuar suas pregações do ácido. “O Teste do Ácido do Refresco Elétrico” ganhou o status de ser uma das mais importantes e icônicas obras do jornalismo literário.

“Vozes de Tchernóbil” – Svetlana Aleksiévitch

Ganhadora do Nobel de literatura de 2015 escreveu livro-reportagem sobre sobreviventes da tragédia de Tchernóbil
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Ganhadora do Nobel de literatura de 2015 escreveu livro-reportagem sobre sobreviventes da tragédia de Tchernóbil

Da ganhadora do Nobel de literatura de 2015, “Vozes de Tchernóbil” é um relato das pessoas que estiveram presentes no acidente da usina nuclear de Tchernóbil, que liberou quantidades massivas de radiação na atmosfera e causou danos gravíssimos no local. Svetlana Aleksiévitch entrevistou mais de 500 testemunhas da tragédia para desvendar no que, de fato, aquilo havia impactado em suas vidas. A jornalista , então, descobriu uma realidade muito mais fragilizada e comovente do que esperava e traduziu a angústia dessa população em uma narrativa precisa e impressionante. A obra da autora tornou-se um dos livros-reportagens mais importantes da atualidade por sua profundidade com relação ao tema. 

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