Desde que fez a patavada “Battleship: A Batalha dos Mares” (2012), Peter Berg tem se empenhado em apresentar-se como um cineasta de gênero e partidário do cinema que pretende reverenciar o espírito americano e promover catarse na esteira de eventos memoriais. Foi assim com “O Grande Herói” (2013), sobre um pelotão emboscado no Afeganistão, “Horizonte Profundo: Desastre no Golfo” (2016), sobre a explosão de uma plataforma de petróleo, e é assim com “O Dia do Atentado” (2016), que reconstitui o atentado terrorista em plena maratona de Boston em 2013 e a perseguição aos suspeitos que o sucedeu.

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Mark Wahlberg em cena de O Dia do Atentado
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Mark Wahlberg em cena de O Dia do Atentado

O que mais impressiona em “O Dia do Atentado” e nesta nova e cada vez mais robusta fase do cinema de Berg é sua atenção aos detalhes. Seu profundo esmero na reconstituição dos fatos, mas também à verdade dos personagens. É um cinema calcado, é verdade, em clichês, mas desenvolvido com profundo senso de ritmo e escrutínio. Não à toa, os personagens cujas histórias ganham verniz no filme surgem em depoimentos ao fim da projeção. Abalizando, de certa maneira, o registro quase documental de Berg.

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Não é coincidência que o filme marque a terceira colaboração seguida do diretor com Mark Wahlberg , um ator cada vez mais interessante e que parece dominar com desenvoltura a dialética do cinema de Berg: músculos, emoção e patriotismo. Aqui Wahlberg faz Tommy Saunders, um policial que está passando por uma punição administrativa e vai trabalhar no feriado no monitoramento da maratona. Ele é um dos policiais que acaba atuando durante todo o processo. Desde as explosões da bomba, até à perseguição dos suspeitos. Passando pelo socorro aos feridos e alinhamento de estratégias junto ao FBI. Era o personagem ideal para nortear o filme, que também se incumbe de acompanhar outros envolvidos na tragédia, inclusive os dois jovens responsáveis pelo atentado.

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Cena de O Dia do Atentado, que estreia nesta semana no Brasil

É justamente essa disposição que aumenta o nível de interesse em “O Dia do Atentado”, um filme que se configura como uma homenagem a Boston, um elogio ao espírito humano – há um monólogo de Wahlberg exaltando a “melhor arma” para vencer o terror  que vale o ingresso – e, em última análise, um lindo e genuíno tributo às pessoas que vivenciaram aquele terror e o superaram com um senso de comunidade fortalecido.

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Antecipou-se o lançamento do longa para dezembro nos EUA para tentar uma indicação ao Oscar. Ela não veio, mas “O Dia do Atentado”, que ainda tem no elenco John Goodman, Kevin Bacon e Michelle Monaghan, merece ser visto mesmo assim.

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