A representação do sexo na arte é uma questão que atravessa séculos e fronteiras. Das artes plásticas ao cinema, as relações mais íntimas entre as pessoas sempre foram temas para serem desenvolvidos pelas mentes criativas. No cinema , alguns diretores consagraram seus trabalhos flertando com as questões que envolvem esse universo.

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"Ninfomaníaca" é um filme de Lars Von Trier que desenvolve a sexualidade de uma mulher


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Uns polêmicos, outros transgressores, confira cineastas que trabalham com o sexo e a sexualidade pelas suas lentes.

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Pedro Almodóvar

Pedro Almodóvar no set de
Divulgação/Universal
Pedro Almodóvar no set de "Dor e Glória"

O espanhol Pedro Almodóvar tornou-se uma referência no mundo do cinema, criando características inerentes à sua obra e, entre elas, a de que o sexo não é apenas sexo. O seu primeiro longa, “Pepi, Luci, Bom e Outras Garotas de Montão” (1980) retrata três mulheres que tem diferentes experiências com a sua sexualidade na era punk espanhola. Entretanto, a temática perpetuou na produção do diretor de maneira provocativa, inclusive durante a sua maturidade artística, como no thriller “A Pele Que Habito” (2011).

Amat Escalante

Amat Escalante é um diretor que chamou atenção do cinema com seus filmes peculiares
Reprodução/Sounds and Color
Amat Escalante é um diretor que chamou atenção do cinema com seus filmes peculiares

Diferentemente de Almodóvar, o diretor mexicano Escalante ostenta uma filmografia menor, mas já foi suficiente para que seu trabalho chamasse atenção. Seu último filme “La Region Salvaje” traz a relação possivelmente ambígua que as pessoas criam em relação ao sexo, que é desejada e oprimida. A trama se desenrola com a história de uma família que enfrenta uma crise diante de uma traição de um homem com o seu cunhado e são introduzidos a uma criatura misteriosamente estranha. Seu trabalho, por sua vez, acaba impactando os telespectadores por tratar de maneira crua a violência sexual que é realidade para muitas mulheres e homossexuais no México. 

Bruce La Bruce

O canadense trabalha com o sexo de maneira bastante explícita
Reprodução/Interview Magazine
O canadense trabalha com o sexo de maneira bastante explícita

O canadense Bruce La Bruce também é um dos que aborda as questões do sexo com violência em seu trabalho de maneira bastante explícita, como fez em “Gerontophilia”, que retrata a desenvoltura da sexualidade de dois homens em uma paixão que é ascende entre um rapaz de 18 anos com um senhor de 80. Apesar da temática, este foi o primeiro trabalho que o diretor não trouxe o sexo explícito para a tela, uma característica recorrente nas suas obras anteriores.

Lars Von Trier

Lars von Trier possui filmes considerados bastante polêmicos
Divulgação/Califórnia Filmes
Lars von Trier possui filmes considerados bastante polêmicos

O trabalho de Lars Von Trier é cercado de polêmicas. O dinamarquês que assina filmes como “Ninfomaníaca” (2013), foi um dos idealizadores do movimento Dogma 95, um conjunto de normas para se fazer cinema sem grandes efeitos especiais e truques tecnológicos. Neste contexto, muitas de suas cenas de sexo são, na verdade, reais. Fugindo de roteiros fáceis, o diretor ficou reconhecido por associar violência e dor ao sexo, como cenas de estupro em “Dogville” e mutilações genitais em “Anticristo”.   

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Paul Verhoeven

paul verhoeven dirige o aclamado Elle
Divulgação/Sony
paul verhoeven dirige o aclamado Elle

O holandês é conhecido por romper com a moralidade em seus filmes como “Francia” ou o seu mais recente e aclamado pela crítica “Elle”. Seu trabalho é cercado por imagens de nudez, como de Sharon Stone em “Instinto Selvagem” (1992), no qual a atriz mostrou sua vagina para as lentes do diretor. Verhoeven também assina o filme “Tropas Estelares” (1997), o qual ele próprio chegou a ficar nu para incentivar os jovens atores do elenco a tirarem a roupa na ducha unissex para fazer a cena.

Adrian Lyne

Adrian Lyne no set de
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Adrian Lyne no set de "Atração Fatal"

O britânico também é um dos que exploram o sexo e a sexualidade no seu trabalho. O diretor é conhecido por assinar filmes como “Atração Fatal” (1987). O seu trabalho é voltado para o sentimento moralista de culpa em relação ao sexo: no filme que é considerado um suspense, um homem casado (Michael Douglas) é punido por ter um caso com uma mulher desiquilibrada (Glenn Close). A infidelidade também é um dos temas recorrentes do seu trabalho como em “Proposta Indecente” (1993) e “Infidelidade” (2002).

Roman Polanski

O diretor está envolvido em polêmicas tanto nos filmes quanto na vida pessoal
Reprodução/Paris Filmes
O diretor está envolvido em polêmicas tanto nos filmes quanto na vida pessoal

O diretor Roman Polanski não é só conhecido por seus filmes polêmicos, mas também por ter um histórico nos bastidores bastante controverso. O diretor é foragido da policia estadunidense por ter sido acusado de abusar sexualmente de uma garota de 13 anos de idade. Apesar disso, o cineasta é consagrado no mundo cinematográfico tendo ganhado diversos prêmios mundo afora. Entre suas obras, “Repulsa ao Sexo” (1965) é uma das grandes referências do diretor que revela as dificuldades de uma manicure (Catherine Deneuve) de explorar sua sexualidade com outros homens. O filme é cercado por cenas de estupro e outras imagens recorrentes da paranoia da protagonista. O seu último filme, “A Pele de Vênus” (2013) também retrata a potência erótica de uma mulher que faz de tudo para conseguir o papel em uma peça e é interpretada por sua própria esposa, Emmanuelle Seigner.

Bernardo Bertolucci

Bernardo Bertolucci durante as filmagens de O Último Imperador
Divulgação/Paramount
Bernardo Bertolucci durante as filmagens de O Último Imperador

O italiano também é um dos diretores de cinema cercado por polêmicas. No seu filme “O Último Tango em Paris” (1973), Bertolucci confessou que na famosa cena da manteiga, Maria Schneider haveria sido pega de surpresa por ele e Marlon Brando, com quem atuava em uma cena de sexo anal. Apesar disso, o diretor se consagrou no mundo do cinema com outras obras que trabalham o sexo e a sexualidade como em “Os Sonhadores”, que conta a história de um jovem estudante estadunidense que chega no furor da contra cultura da França de 1968 e acaba conhecendo Isabella e Theo, jovens com quem irá explorar sua sexualidade e uma paixão em comum: o cinema.

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Anne Fontaine

Anne Fontaine tem filmes que dialogam o possível conflito entre sexo e religião
Divulgação/Music Box Films
Anne Fontaine tem filmes que dialogam o possível conflito entre sexo e religião

De Luxemburgo, a cineasta também surge no meio cinematográfico com um trabalho que busca questionar o sexo e a sexualidade na sociedade. Diretora de “Coco Antes de Chanel”, Fontaine reconstrói em “Agnus Dei”, o cenário do fim da Segunda Guerra Mundial em que discussões sobre a violência sexual e a religiosidade conversam.  Além disso, a diretora também assina filmes como"Amor sem Pecado", seu primeiro em língua inglesa, e “Nathalie X”,  em que uma prostituta é contratada por uma esposa desconfiada que procura descobrir os desejos mais íntimos do seu marido, entretanto, apesar de acreditar estar manipulando a situação, ela não é a única no controle.  

François Ozon

François Ozon explora a sexualidade de protagonistas homossexuais
Divulgação/Califórnia Filmes
François Ozon explora a sexualidade de protagonistas homossexuais

O francês Fançois Ozon é conhecido pelos seus filmes “8 femmes” (2002) e “À Beira da Piscina” (2003) e considerado um dos mais importantes da nova geração de cineastas franceses e é sempre associado ao grupo de cineastas que fazem “cinema do corpo”, como Jean-Paul Civeyrac. Seus filmes geralmente tem personagens homossexuais como protagonistas, chegando inclusive a abordar a temática da transexualidade, como fez em “Gotas d'água em Pedras Escaldantes” (2000). Além disso, o diretor também é provocante como fez no filme “Dentro da Casa” (2012), em que mistura um mistério com drama e que muitos assumem ser o trabalho que fez com que o cineasta atingisse a sua maturidade. É dele também "Jovem & Bela", em que uma rica jovem resolve se prostituir. 

Claudio Assis

O diretor Cláudio Assis já está gravando um novo filme
Divulgação/Agência Foto
O diretor Cláudio Assis já está gravando um novo filme

O cineasta brasileiro faz com que a sua obra dialogue entre si e propõe uma reflexão sobre a própria linguagem cinematográfica. Seu primeiro longa foi “Amarelo Manga” (2003), que entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos e relata a relação de diferentes personagens com a sua própria sexualidade. O diretor já ganhou o estigma de violento, que tentou derrubar com o filme “Febre de Rato” (2011), vencedor de diversos prêmios internacionais. Agora, o artista está gravando o seu próximo filme, “Piedade”, que será uma mistura de críticas sociais, paixões, além de trazer expressões da própria vida do diretor.

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