Em cartaz desde a última quinta-feira (30) em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e algumas outras capitais, o longa-metragem “As Falsas Confidências” (2016) reúne ícones de três gerações do cinema francês: a veterana Bulle Ogier, a diva Isabelle Huppert , recentemente indicada ao Oscar por “ Elle ” e o cada vez mais onipresente galã Louis Garrel . A produção é um telefilme realizado pelo suíço Luc Bondy (1948 – 2015) a partir da peça homônima de Marivaux (1688 – 1763) que dirigiu com o mesmo elenco. A montagem foi encenada em Paris em 2014, no Teatro Odeon, comandado por Bondy entre 2012 e 2015. O filme foi rodado durante o dia nas dependências do mesmo teatro e em seus arredores; à noite, os mesmos atores apresentavam no palco a clássica comédia amorosa, adaptada para os tempos atuais.
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O tom farsesco afere certo charme a “ As Falsas Confidências ”, que se resolve como uma dessas cirandas opondo castas sociais que Robert Altman fazia tão bem. Bondy, é verdade, não filtra o texto de Marivaux e, portanto, há certas cenas que não funcionam tão bem no cinema, mas não deixam de provocar seu impacto.
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Enredo
Na trama, Dorante (Garrel) é um aspirante a advogado sem dinheiro que assume a posição de secretário na casa onde vive Araminte (Isabelle Huppert), uma viúva rica, atraente e generosa com seus funcionários. Em parceria com Dubois (Yves Jacques), empregado da mansão, Dorante participa de um ardiloso esquema com o objetivo de que a herdeira se apaixone por ele. Cortejada pelo conde Dorimont (Jean-Pierre Malo) com a bênção de sua própria mãe (Bulle Ogier), a madura Araminte fica envaidecida com a suposta admiração do belo e jovial Dorante.
“Todo homem que ama deve usar de estratégias para ser amado e quando finalmente conseguir, deve ser perdoado”. A frase surge no fim do filme e transborda condescendência. Esta é uma parábola sobre alpinismo social e isso fica claro logo de início. O que se revela homeopaticamente é que há certos comentários sobre vaidade, carência e ingenuidade que servem ao enredo central.
No fim das contas, “ As Falsas Confidências ” coloca uma questão genuína: até que ponto mentiras e dissimulações são defensáveis em nome de um bem maior? Seja ele o apaziguamento financeiro, o saciamento dos desejos da carne ou a mais perene noção de felicidade.
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