Um grande festival de música Country abre o drama “Os Cowboys”, do diretor Thomas Bidegain . Nesse momento percebemos que o soft power norte-americano talvez seja uma constante neste filme de muitas camadas e rumos inesperados. Avistamos Kelly (Ilianna Zabeth) que dança com seu pai, Alain (François Damiens) pouco antes de desaparecer sem deixar vestígios.
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Logo Alain descobre que ela estava em um relacionamento com um rapaz muçulmano, que assumiu um nome islâmico e deixou a França clandestinamente. Alain e seu filho se engajam em busca longa, desesperançada e cheia de reminiscências perturbadoras. Apesar dessa sinopse, “Os Cowboys” não é um thriller ou qualquer coisa parecida. É um drama conduzido de maneira assertiva por Bidegain que flagra uma Europa hesitante a respeito da imigração bem antes do terrorismo de viés fundamentalista islâmico surgir.
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A despeito desse bem-vindo comentário geopolítico, e as bifurcações propostas pelo roteiro que avança nos anos são bem espirituosas, o filme sustenta um drama familiar robusto. Expondo seus personagens a conflitos emocionalmente extenuantes. Há desdobramentos inesperados que levam o filme para um caminho que afronta as expectativas do público, alimentando toda uma espiral de novas possibilidades para a trama, mas também para aquele comentário geopolítico que parece cada vez mais protagonista.
John C. Reilly, acostumado a roubar cenas em pequenos papéis, surge aqui como um espião americano que será decisivo para a trama. Sua presença aqui, aparentemente desconexa do desenvolvimento do plot central, revela não só a ambição do comentário de Bidegain, como oferta uma relação pouco causal entre o drama íntimo da família de Kelly e o drama geopolítico que flagramos a Europa hoje. É uma elaboração muito sutil, mas tão bem estruturada que é impossível não se sentir tocado por ela.
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“Os Cowboys” utiliza muito bem a aderência do cinema norte-americano para de uma maneira muito francesa retrabalhar códigos de gênero. Não é exatamente um filme brilhante, mas é memorável de uma maneira subitamente minimalista.