Categoria que menos sofreu alterações no curso da temporada de premiações, a disputa pelo Oscar de melhor ator em 2017 promete acirramento entre as candidaturas de Denzel Washington , um antigo conhecido que por “Um Limite Entre Nós” concorre pela sétima vez a uma estatueta por interpretação, e Casey Affleck , outrora favorito declarado por sua arrebatadora performance em “Manchester à Beira-Mar”.
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Affleck já ganhou o Critic´s Choice Awards, o Globo de Ouro de ator dramático e boa parte dos prêmios da crítica pelo homem que vira uma casca animada em face de uma tragédia em sua vida no filme de Kenneth Lonergan. Mas acusações de assédio sexual durante as filmagens do documentário “I´m Still Here”, em que flagrava o surto (dissimulado) do cunhado Joaquin Phoenix voltaram para lhe assombrar. Affleck fez acordo com suas acusadoras e nenhum dos casos chegou a ir a tribunal.
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Sob a luz de um caso semelhante, mas muito mais problemático, de Nate Parker, julgado por estupro e com a vítima tendo se suicidado em 2012 , que viu o elogiado “O Nascimento de uma Nação” sucumbir à fama de seu diretor/protagonista, muita gente se incomodou com as láureas e louros concedidos a Affleck.
O fantasma do racismo, Parker é negro e Affleck, branco, voltou ao debate em Hollywood e ali Denzel Washington, um ator de prestígio, multipremiado, querido pela indústria e negro, dando sopa na categoria. O SAG, que ainda não tinha premiado Washington fez pouco para o favoritismo de Affleck e mudou o paradigma da categoria. O último ator a vencer o SAG e não levar o Oscar foi Johnny Depp por “Piratas do Caribe: A Maldição do Perola Negra” em 2004. A campanha de difamação contra Affleck, a despeito dos esforços contrários de relações públicas capitaneados por seu irmão, Ben, vingou e a indústria parece ter se descoberto incomodada de congratular Affleck por sua arte e talento.
Se vencer em 26 de fevereiro, Denzel vai se igualar a Jack Nicholson e Daniel Day Lewis com três Oscars. Ele já é o ator negro mais nomeado da história do Oscar. Ele merece! Aos 62 anos, Denzel prova por A+B que sabe se manter no topo. Além de protagonizar “Um Limite Entre Nós”, também dirige e produz.
Estreantes e bons retornos
Além de Casey Affleck, Andrew Garfield (“Até o Último Homem”) é o outro estreante entre os indicados. Ex- Homem-Aranha no cinema, Garfield já provara ser muito bom em filmes como “Não me Abandone Jamais” (2010) e “A Rede Social” (2010). Ele esperava concorrer com “Silêncio”, o filme de Scorsese que não emplacou, mas se garantiu com o épico pacifista, mas nem por isso menos violento, de Mel Gibson. É um desempenho correto, mas menos inspirado do que os dos outros concorrentes.
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Já Ryan Gosling fazia por merecer um novo convite para o Oscar há algum tempo. Indicado em 2007 por “Half Nelson”, a Academia o preteriu nos excelentes “Namorados para Sempre” (2010), mesmo tendo indicado sua parceria de cena, Michelle Williams, “Tudo pelo Poder” (2011), “Drive” (2011) e “A Grande Aposta” (2015). Por “La La Land”, Gosling finalmente retorna à maior festa do cinema. Não merece vencer, mas merece a distinção de estar entre os finalistas.
Outro titã moderno da atuação, e que faz o tipo quieto como Gosling, é Viggo Mortensen . Indicado por “Senhores do Crime” em 2008, Mortensen parecia um azarão neste ano pelo pequeno “Capitão Fantástico”, hit em Sundance e na mostra Um Certo Olhar no festival de Cannes em 2016, mas os primeiros prêmios da crítica o consolidaram na disputa. Ele aqui defende um trabalho minimalista, difícil, cheio de camadas. É um tom completamente diferente dos demais trabalhos nomeados.
A briga pelo Oscar de melhor ator parece mesmo confinada a Denzel Washington e Casey Affleck. Com o primeiro gozando do favoritismo de ocasião. Um ano depois do #oscarssowhite, Denzel Washington parece o nome perfeito para fazer alguma Black history , como os americanos definem, no Oscar.