Uma ficção contada em realidades paralelas que servem de pano de fundo para a vida de cinco protagonistas, “A Não-Ilha”, do autor Caio Cortonesi, é uma densa e poderosa crítica ao Brasil, recontando a história do país com uma mitologia inteiramente nova, inspirada pelas culturas ancestrais que o criaram. Publicado pela editora Telha, o livro parte da ficção para informar a realidade, conectando contos fantásticos a um realismo de tons jornalísticos que mergulha na dura existência de um povo sofrido e esquecido.
“A Não-Ilha” ocorre em duas realidades: A primeira, uma jornada por um não-mundo fantástico no qual os povos das Américas atravessaram o grande mar, e onde carne, natureza e lendas se misturam. A segunda, uma viagem investigativa pelos demônios que atormentam o Brasil real. Uma antologia de histórias correlatas sobre as forças que criaram o Brasil, e as violências que o moldaram no que se tornou: Uma terra isolada, supersticiosa e sob a égide do medo e do autoritarismo. Terra de um povo que apagou a sua história enquanto a repete, dia após dia.
Com formato de crítica social adornado de fantasia e elementos mitológicos, “A Não-Ilha” mescla linguagem ficcional com tristes relatos históricos que serviram de fôrma para a construção do Brasil que vivemos atualmente. Um “Realismo Fantástico” onde o absurdo do real se confunde com o universo criado pelo imaginário do autor.
Basta deitar a cabeça sobre o ombro direito para entender que a ilha desenhada na capa se trata de nosso Brasil, tirado do contexto de continente e desconectado do mundo onde existe, perdido em uma realidade paralela.
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