Zélia Duncan é uma profissional extremamente versátil. Além de escrever incontáveis canções, já escreveu roteiros, um perfil de Dona Ivone Lara, uma coluna semanal no jornal O Globo, uma peça de teatro, esquetes, textos de orelha, prefácios e posfácios. Agora, em Benditas coisas que eu não sei (Editora Agir), ela compartilha com os leitores, em um texto saboroso, vivências e aprendizados que adquiriu ao longo de quase 40 anos de carreira.
Ao longo das páginas, Zélia lembra em detalhes da primeira vez que subiu em um palco, presta homenagem a parceiros que a acompanharam e a personalidades que a inspiraram. Conta ainda casos tristes, divertidos e comoventes. “Não saberia dizer como descobri a música no mundo”, diz. “Ela simplesmente sempre esteve ali. A cada dia que eu crescia um pouco, ela crescia comigo. Quando me dei conta, não podia viver sem ela e, mais que isso, queria viver dela. A mais sorrateira e portátil das artes nos acompanha e vai deixando sua marca indelével por todas as fases, todos os sentimentos e silêncios do nosso tempo por aqui”.
O livro também traz desenhos da própria autora e ganhou apresentação da poeta Alice Ruiz, além de uma pequena resenha de quarta capa assinada pela cantora Fernanda Takai. As páginas são como uma conversa descontraída entre amigos. Em um dos capítulos, por exemplo, evoca o dia em que assistiu a um espetáculo no qual a icônica Bibi Ferreira vivia Edith Piaf e, a certa altura, pediu à plateia que a acompanhasse com um larárará. O coro é elogiado pela atriz, e Zélia pode jurar que o triunfo é dela! “Ela me ouviu”, pensou a jovem de 19 anos.
Benditas coisas que eu não sei é uma obra franca e revigorante, escrita por uma profissional que vive a música intensamente e que deseja, acima de tudo, garantir que essa paixão alcance seu público.
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