Recentemente o Datafolha realizou uma pesquisa que mostra um panorama sobre os hábitos dos leitores com deficiência visual no Brasil e, junto com os resultados (que já vou comentar), pudemos observar a dificuldade desses leitores em encontrar, pasmem: LIVROS! 

Leia também: Maurício de Sousa e Fundação Dorina Nowill para cegos lançam livro inclusivo

Parte do processo de produção do livro em Braille
Elisa Dinis
Parte do processo de produção do livro em Braille

Há um tempo fui conhecer a Fundação Dorina Nowill para cegos para poder escrever sobre o livro em Braille e saber mais sobre a prática de leitura de pessoas com deficiência. 

Leia também: Momento cultural nacional exige um apoio prático e discernimento

Durante minha visita pude entender o processo de fabricação do livro em Braille (única técnica capaz de alfabetizar uma pessoa cega) e descobri também as dificuldades que envolvem todo o processo de produção e o difícil caminho até as mãos do leitor. 

E é engraçado que a gente só começa a se questionar sobre rotina, acesso, e hábitos de determinados grupos quando vamos conhecer algum centro de apoio ou convivemos com alguém que pertença a esses grupos. 

Por exemplo: a pesquisa diz que 79% dos leitores entrevistados utilizam de algum recurso tecnológico para acessar os livros , já que preferem os formatos de audiolivros e PDF com leitor de tela acessível. E então vem a pergunta: Você já tinha parado para pensar que eles conseguem e gostam de ler através de dispositivos eletrônicos? Se há de fato espaço em eventos e livrarias? 

Você viu?

A conscientização do mercado livreiro (e aí me incluo nessa) com o acesso e incentivo à leitura para diversos grupos é parte essencial do papel do livro, que ao meu ver tem como fundamento principal a inclusão e democratização social. 

Outro dado interessante que a pesquisa ainda mostrou foi que 39% dos entrevistados costumam ler todos os dias, 57% têm interesse em livros e 71% deles sente prazer na atividade, ou seja, há procura e interesse da parte desses leitores, mas há dificuldade.

Parte do processo de produção do livro em Braille
Elisa Dinis
Parte do processo de produção do livro em Braille

Apenas 31% desses entrevistados atribuíram nota máxima (de 0 a 10) para a facilidade de encontrar livros de literatura geral e 61% deram nota 06 para os livros didáticos. E fica difícil de acreditar que essa dificuldade exista quando o Brasil tem a maior gráfica em Braille da América Latina com capacidade de produção de até 450 mil páginas por dia.

E embora estejamos observando o alto crescimento na venda e produção de audiobooks, não é justo limitarmos apenas essa opção para as pessoas com deficiência visual. 

Leia também: Livro sempre acrescenta e resposta à censura na Bienal do Rio demonstra isso

Encontros como esse realizado pela Fundação Dorina Nowill , com resultados de pesquisas e um espaço para escutarmos as necessidades desses leitores, é o primeiro – e importante - passo para caminharmos para uma maior divulgação e acessibilidade da leitura. 

O livro sempre foi e será para todos. 

Para sugestões e pautas: [email protected]

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!