Cintia Rosa
Ricardo Penna
Cintia Rosa

Cintia Rosa comemorou 35 anos de trajetória com duas produções no "Festival do Rio". Uma delas é o longa "A Festa de Léo", com direção de Luciana Bezerra e Gustavo Mello, em que dá vida a Rita, uma mãe que busca formas de ajudar a salvar seu ex, que roubou o dinheiro que seria usado para a celebração de aniversário de seu filho. A outra é o curta "Aquela Mulher", dirigido por Cristina Lago.

Bacharel em artes cênicas, a carioca participou de obras cinematográficas como "O Fim e os Meios", de Murilo Salles, do qual foi protagonista e que lhe rendeu o prêmio de "melhor atriz" no "Fest Aruanda"; "5x Favela", que a direcionou para o "Festival de Cannes"; "Bróder"; "Cidade de Deus"; "O Maior Amor do Mundo"; "Confissões de Adolescente"; "Tropa de Elite", "Solteiro no Rio de Janeiro"; e "A Suprema Felicidade". 

Cintia Rosa
Ricardo Penna
Cintia Rosa


Na TV, fez parte de "As Cariocas", onde protagonizou um dos episódios; "Valentins", "Sandy & Junior", "Cidade dos Homens" e "Sob Pressão". Também marcou presença em "Segundo Sol", "Vai na Fé" e "Em Família", todas da TV Globo. Nos palcos, sua incursão mais recente foi este ano, com a montagem "12 Anos ou a Memória da Queda", que cumpriu temporadas no Rio e em São Paulo.

Na pandemia, Cintia apresentou "O Que Não Aprendi Na Escola" no IGTV. A empreitada que idealizou retrata a história de pessoas que se esforçaram pela construção do país, mas que foram esquecidas apesar de terem contribuído para a formação da identidade e autoestima da população negra. Confira a entrevista na íntegra! 


Cintia Rosa
Reprodução/Instagram
Cintia Rosa


1. Você estrela "A Festa de Léo", que esteve no "Festival do Rio", que aconteceu de 5 a 15 de outubro. Como é ser a principal no primeiro filme do grupo Nós do Morro, onde, ainda pequena, começou a estudar interpretação?

Nossa, uma responsabilidade! Fui dirigida por meus amigos de infância — Luciana Bezerra e Gustavo Mello —, o que me deixou à vontade na hora de gravar. Agradeço por ter atuado com tantos queridos. Nossa intimidade ajudou na parte criativa, improvisações e concepção de cada personagem.

Arthur Ferreira, conhecido como Nego Ney, e Cintia Rosa
Reprodução/Instagram
Arthur Ferreira, conhecido como Nego Ney, e Cintia Rosa


Tenho certeza de que isso transpareceu nas telas. Tinha torcida entre nós! Nos divertimos, demos boas gargalhadas e choramos de emoção com cada experiência.

2. Aproveitando o ensejo, como vê esse protagonismo preto cada vez mais crescente no audiovisual?

Acho que chegou atrasado. Não é de hoje que os brasileiros cobram o fato de se verem representados, contando suas próprias histórias de dentro para fora, sem estereótipos. Isso pode ser observado na audiência de atrações com um elenco formado por artistas negros, em sua maioria. 

Temos atores incríveis! Só nos faltava a possibilidade de sermos vistos. Mas sei bem que esse espaço não foi cedido, e sim conquistado por nossa inteligência, persistência e resistência. É daí para mais! A caminhada tem pedras, mas o andar agora é só para frente!

Cintia Rosa
Ricardo Penna
Cintia Rosa


3. Olhando seu percurso, vemos que fez poucas novelas. Acredita que a dramaturgia é fundamental para se obter êxito no meio artístico?

Eu respondo a essa questão acima e posso acrescentar a pouca oportunidade. Apesar de fazer diversos filmes, minisséries e espetáculos com diretores renomados, não tive a chance de mostrar meus trabalhos na TV aberta.  

Não posso negar que a televisão espalha sua imagem com mais rapidez do que o cinema.

4. Você tem um menino, certo? Como é exercer a maternidade em tempos de discussões sobre racismo e machismo?

Sinto que tenho um compromisso enorme com a criação do Bento. Essa geração já mostra um melhor entendimento sobre mundo, preferências e diferenças, mas estou monitorando para "entregar" um cara bacana que respeite o próximo, zele pela natureza e seja sensível como o outro. 

Bento e Cintia Rosa
Reprodução/Instagram
Bento e Cintia Rosa


O cuidado e a educação precisam ser feitos todos os dias. É árduo, mas não dá para descansar. Sigo constantemente atenta.

Cintia Rosa
Ricardo Penna
Cintia Rosa


5. Impossível não comentar que é casada com o prestigiado personal Chico Salgado. Tira proveito disso? Aliás, como se cuida?

Torcemos um pelo outro, somos de áreas diferentes, mas estamos de olho no que está acontecendo e conversamos sobre as escolhas profissionais, mas sem interferir nelas, é claro.

Nossas atividades são independentes, temos nosso espaço e respeitamos bastante isso.

Porém, acabo fazendo outros tipos de treinamentos por causa das agendas, mas, sempre que conseguimos um espacinho, treinamos juntos. Contudo, não dá folga, não. Pega pesado comigo (risos).

Cintia Rosa e Chico Salgado
Reprodução/Instagram
Cintia Rosa e Chico Salgado


6. As perguntas que não querem calar: se vê? É autocrítica?

Me assisto e sou bem criteriosa comigo, mas passei a perceber quando algo foi bem feito, a cena foi linda, e me esforço e consigo fazer da forma como estudei. É preciso se olhar e se reconhecer. 

No entanto, se não achar bom, sinto até frio na barriga e fico pensando se poderia ter realizado melhor.

Cintia Rosa
Ricardo Penna
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7. Como se imagina daqui a três décadas?

Ainda na ativa, mas desfrutando de momentos de contemplação, leitura e descanso.


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