Completando 31 anos de carreira, sendo 25 deles no teatro musical, Alessandra Verney, que já pôde ser vista nos palcos e na televisão, transitando entre romances, dramas e comédias, celebra a primeira protagonista em uma superprodução paulistana.
Trata-se de "Kiss Me, Kate – O Beijo da Megera", um dos maiores clássicos americanos, com o selo de sucesso da Broadway, que fica em cartaz no Teatro Villa Lobos até 1.º de outubro. O texto é inspirado em "A Megera Domada", de William Shakespeare.
Nos intervalos dos ensaios finais, a artista, que já conquistou prêmios importantes durante a sua trajetória, bateu um papo com o iG Gente e elogiou a parceria com Miguel Falabella. Leia a seguir a entrevista completa.
1. Essa é sua grande estreia em São Paulo. Como tem sido a experiência? Muito diferente?
Fascinante, não poderia ser melhor, até porque sou "apaixonada" tanto pelo texto como pelo papel que faço. Somado a isso, ter como parceiro o Miguel Falabella, que é um grande amigo e cúmplice em cena, torna tudo ainda mais leve. Estou impressionada com a cordialidade do público e a forma como estamos sendo acolhidos e festejados. Realmente, uma temporada inesquecível!
2. Em "Kiss Me, Kate", o metateatro faz com que você viva duas personagens. Onde acha que mais consegue diferenciá-las?
Na Lilli Vanessi, exploro a ironia, o deboche, os modos de estrela, os chiliques (risos) e por aí vai. Fisicamente, ela é elegante, de gestuais clássicos, vaidosa e temperamental. A Catarina, mesmo sendo interpretada pela Lilli, é mais escrachada nos trejeitos, na postura, além de ser rude, tanto no comportamento quanto nas palavras.
Como ambas são de personalidade forte, em determinado momento, essas individualidades se misturam na "cena dentro da cena". No entanto, fico alegre quando alguém vem comentar comigo, destacando as diferenças entre uma e outra.
3. Na vida real, como consegue equilibrar a identificação com um personagem e a manutenção da distinção entre a ficção e a realidade?
Ah, sempre busco esse caminho. Como esse musical é intenso para os dois protagonistas e tem momentos de briga e discussão, tento ficar bem consciente de que, "assim que sair do palco, toda essa energia deve ficar lá". Muitas vezes, temos que explicar para a nossa mente que aquilo, de fato, não está acontecendo.
Eu acredito nisso, pois já fiz papéis mais densos, sentindo que, depois, continuava a carregar uma carga que não era minha. Hoje, fico atenta a isso. Ainda mais que a gente trabalha com a repetição, dia após dia.
4. Além de atuar, você também está envolvida com os bastidores da criação. Como tem sido conciliar?
É um desafio prazeroso. Quando se produz, a cabeça fica preenchida de todo o tipo de coisa, burocracias, planejamentos, o que acaba gerando ansiedade. Então, é fundamental definir o momento em que é preciso parar para focar a performance e, sobretudo, para se divertir em cena. Não dá para misturar as estações.
A minha sorte é que meus sócios, Marco e Danny Griesi, que assinam a direção de produção, sabem disso e têm essa preocupação de não me envolver em tudo, para que eu possa atuar com o máximo de plenitude.
5. Mencione um pouco sobre seus projetos na música. Tem novos planos nessa área?
Sim, até porque o fato de não ter gravado o disco solo, com composições autorais, me deixa meio frustrada. Sempre que começo, aparecem outros trabalhos (o que é ótimo), mas acabo adiando. Porém, prometi a mim mesma que em 2024 sai, de um jeito ou de outro.
Até que isso aconteça, tenho covers com previsão de lançamento para esse ano ainda, entre eles "Bad Romance", de Lady Gaga. Além disso, pretendo fazer o meu show "MemoHits", que consiste em releituras acústicas de grandes sucessos. Já o solo se chama "Café de Hotel", nome de uma das canções que compus.