Patrícia Pinho
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Patrícia Pinho

Formada em artes cênicas pela UniRio e licenciatura pelo Centro Universitário Metodista Bennett, Patrícia Pinho, que até pouco tempo atrás podia ser vista todos os sábados no humorístico "Zorra" , da Globo, já recebeu o prêmio APTR de Teatro, em 2010, como melhor atriz coadjuvante, graças ao bom desempenho em "As Meninas".

A peça, escrita por Maitê Proença e Luiz Carlos Góes, também contava com a não menos talentosa Vanessa Gerbelli no elenco e tinha a direção de Amir Haddad. Soma-se a isso a personagem Madame Clessi do elogiado espetáculo "Vestido de Noiva", dirigido por Renato Carrera, entre outros trabalhos.

Entretanto, até hoje, é lembrada por ter estrelado, ao lado de Marcos Palmeira, o comercial das sandálias Havaianas, em 2009 . Em uma rápida busca no Google, é possível acompanhar a propaganda e ainda "associá-la" a estes tempos sombrios que o mundo tem enfrentado por conta da pandemia do novo coronavírus.

O vídeo mostra uma moça (Patrícia, no caso) chateada com o que parece ser uma demonstração de alienação. Assim, ela interrompe uma roda de samba e chama a atenção do ator e de seus amigos, afirmando que não é momento para cantorias. "Estamos no meio de uma crise, e vocês aí se divertindo?", questiona ela. Pois bem, procurada, a artista topou bater um papo sobre vida e carreira com o iG Gente . Confira aqui!

1. Como surgiu a ideia de ministrar aulas de teatro pela web?

A ideia do curso apareceu como uma necessidade minha de sempre estudar e estar em grupo. O teatro debate profundamente questões da natureza humana, e a atriz e professora de interpretação Camila Amado costuma dizer que "é o zoológico do ser humano, onde ele vai para ver o bicho homem". E os textos clássicos, com uma boa e moderna tradução, têm muitas camadas de compreensão de questões da vida. Sem contar que o teatro nos leva a sentir emoções muito profundas. É uma viagem deliciosa. Uma boa peça é inesquecível.

2. Com a pandemia, os artistas estão se reinventando. O que acha desse recurso virtual? Quais as vantagens e as desvantagens?

Acho fantástico! É importante a gente se utilizar de todas as tecnologias que nos mantenham conectados.

3. Seu curso é direcionado para uma classe que o governo dá pouco valor. Como você analisa o futuro da arte no país?

A arte é forte e potente. Nosso povo adora ouvir música, rádio, ver filmes, contar histórias e dançar. Faz parte da nossa cultura. Mas ela, sendo valorizada, pode ajudar, e muito, na propagação fora do eixo Rio-SP, criando novas companhias que tragam histórias próprias de um Brasil, o qual ainda parece desconhecido para alguns brasileiros e que é tão rico e interessante.

4. Seus trabalhos costumam ser mais voltados para o humor, tanto na TV como no teatro. É uma escolha ou acha que os atores acabam sendo colocados sempre numa mesma caixa?

Nem sempre trabalho com humor no teatro. Fiz Madame Clessi de "Vestido de Noiva", com direção do Renato Carrera, e "As Meninas", que também não era uma comédia. Aí está uma boa pergunta: "Por que será que, na televisão, não tem personagens sérios para uma atriz da minha idade?". Será que o padrão estético ainda me rotularia como "atriz gorda"? Aliás, já ouvi isto de um produtor de elenco antigo: que eu era bonita demais para ser a amiga gorda e também que eu não era gorda o suficiente para ser plus size. Será que ele indicou dieta ou sugeriu que eu engordasse uns quilos? No humor, essas questões já estão sendo discutidas. Já fiz muita cena em que a personagem se chamava: Mulher Linda. As que interpretei no "Zorra'', inclusive, não eram gordas. Eram mulheres.

Patrícia Pinho
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5. Ainda são poucas as mulheres fazendo humor no país. Acha que existe um preconceito?

São poucas, mas fantásticas. Imaginar que podemos ter um filme que junte Tatá Werneck, Heloísa Périssé, Ilana Kaplan, Katiuscia Canoro, Cristina Pereira e Luciana Paes, nossa, são tantas e fabulosas comediantes! Acho que vivemos a era de ouro do humor! Poderia fazer uma lista com trinta mulheres igualmente maravilhosas, cada uma no seu estilo.

6. Depois de seis anos, o "Zorra" não voltará à programação da Globo. Qual a importância desse projeto pra você, pessoal e profissionalmente?

Uma delícia. Fiz muitos amigos, muitos parceiros que considero supertalentosos. Nosso clima era muito bom! Fazer humor político num momento tão difícil — realmente era bem difícil competir com a realidade. Guardarei com carinho esse tempo.


7. O que tira o seu humor?

Gente careta e sem humor, que grita ou impõe suas ideias. Gente que desrespeita outro ser humano e lucra com a dor alheia.

8. O "Zorra" era um crítico da realidade e da política. Na sua opinião, para fazer humor, vale tudo?

Vale, principalmente, pensar em quem você está atirando. Contra quem é a sua piada? É contra a caretice? Contra a corrupção? A favor de uma sociedade mais livre, mais divertida? Ou vale a pena atirar para desmerecer ou desqualificar uma pessoa? Não gosto de humor depreciativo nem autodepreciativo. Também não gosto de falar dos meus sentimentos de forma ridícula só para fazer rir. Gosto de rir de situações. Gosto quando o riso me faz pensar, quando me encanta.

9. Sente vontade de fazer novelas?

Nunca fiz. É uma experiência que pode ser interessante. O ritmo de gravações do "Zorra" era muito puxado, então essa parte não me assusta. Seria ótimo ter um personagem inteiro para desenvolver na teledramaturgia, sentir a reação do público, trocar experiências contemporâneas. Seria legal!

10. Além do curso, já tem mais projetos para o ano?

Tenho um caderninho cheio de projetos. Minha cabeça não para! Estou sempre propondo parcerias. Tenho muitos amigos na classe, mas ainda é segredo. Aguardem (risos).

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