Subcelebridades que se nutrem da fama conquistada por barracos na internet ou têm seus nomes constantemente envolvidos em polêmicas --e são figuras fáceis e repetitivas em perfis de fofoca--, amargaram as consequências de seus atos: foram limadas sumariamente do "Vipão" do Carnaval de São Paulo. Algumas até insistiram muito para entrar na lista mais badalada de todo o sambódromo do Anhembi, mas suas vidas pregressas foram analisadas com uma lupa. E a negativa veio sem pestanejar.
A responsável por definir quem acessa o "vipão" é Fattima Amaral, que há mais de 20 anos ocupa o posto de relações públicas do Camarote Bar Brahma, o mais disputado do Anhembi. Fatores como relevância, pluralidade e influência digital são fundamentais para os famosos entrarem em seu radar. Mas se a personalidade é sinônimo de "problema" ou "confusão", com ela não tem vez.
"O Camarote da Brahma é o mais requisitado que tem. Então a gente, lógico, procura que ele seja frequentado por gente legal, bacana. Até para a energia do camarote. Eu acredito muito em energia. A gente leva sempre pessoas bacanas, legais e que vão se divertir, além de divertir outras pessoas também. Então, quando tem polêmica [na biografia do famoso], que é muito pesado, a gente evita", disse ela em conversa exclusiva com a coluna.
Fattima foi delicada ao dizer que "evita". A verdade é que em sua lista não há espaço mesmo. Basta ver as figuras que frequentaram o Camarote Bar Brahma neste ano. Subcelebridades que se destacaram em reality shows ou páginas de fofocas só por conta de polêmicas sequer pisaram no Vipão de seu espaço.
Sabrina Sato, Thelminha, Dani Calabresa, Babu Santana, Milhem Cortaz, Michelle Barros e Marcia Sensitiva foram alguns dos nomes que frequentaram o espaço mais nobre do Camarote. Misturar estas figuras com a turma que pertence ao pré-sal da fama não faria sentido.
"A minha lista é muito diversificada, tá? Qualquer um pode entrar na minha lista. Qualquer um desde que não me arrume confusão. Pessoa que é muito 'não me toque' [também não entra]. Porque Carnaval é alegria, você tem que ir lá, você tem que dançar, sorrir. Eu não gosto de gente mal-humorada dentro no meu camarote, então eu nem convido", decretou.
Fattima inicia o processo de convite semanas antes dos desfiles. Para ter os "Vipões" em seu camarote, ela oferece um tratamento especial, com o envio antecipado das pulseiras e abadás para que a personalidade tenha tempo suficiente para personalizar à sua maneira. Por essa razão, ela sempre pede confirmação antecipada. Mas sempre tem quem deixe para dar o "sim" em cima da hora. Ou do nada surge no dia do evento um nome importante pedindo entradas para a área nobre.
"Os que não confirmam... às vezes a gente consegue [liberar a entrada], às vezes não. Às vezes tem um [convite] extra sobrando, uma camiseta, uma pulseira, mas geralmente fica tudo no receptivo. Se eu tenho sobrando, a pessoa entra. Agora, se que ela vai na porta do camarote... E já tiveram várias pessoas que foram na porta do camarote e voltaram para casa, porque eu não tinha camiseta, não tinha pulseira, não tinha o que fazer, não tinha como colocar dentro. A gente não faz milagre", afirma.
Estrelismo
Outra coisa que Fattima detesta é celebridade com ataque de estrelismo. Pedidos esdrúxulos são vetados na mesma hora, e a personalidade deixar de ser prioridade nos próximos eventos.
"Não vou falar o nome da pessoa, lógico. Mas ela veio com o acompanhante e 9 seguranças e queria todos entrassem no camarote. Eu falei: 'Nosso camarote já tem segurança, é um camarote super seguro, você vai ter uma área restrita para ficar e tudo mais, então não vai precisar de 9 seguranças'. E a pessoa insistiu. Insistiu uma vez, insistiu duas vezes... Eu olhei para ela e falei: 'Você, seu acompanhante e mais um segurança são muito bem-vindos, mas 9, meu amigo, não. Então fica a seu critério. Ou você entra com 3, ou você vai embora com os 12'. E ele acabou aceitando", lembrou.
"O pessoal liga para mim e avisa que vai levar o papagaio, periquito, a sogra, o sogro. E eu falo: 'Não, filho, é um convite para você e um acompanhante. Não tem 3, não tem 4", concluiu.