A atriz relembrou como se sentiu após a exposição de abuso
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A atriz relembrou como se sentiu após a exposição de abuso

Klara Castanho é a capa de fevereiro da Glamour e relembrou como se sentiu com toda a exposição após ser vítima de violência sexual e doar a criança. Em maio de 2022, com duas décadas de carreira, a atriz viu seu futuro desmoronar após ter um dos momentos mais trágicos de sua vida compartilhado nas redes sociais.

Na época, tudo veio à tona após o jornalista Matheus Baldi publicar que a atriz havia dado à luz um bebê. A notícia por si só chocou grande parte dos internautas, que acompanhavam a carreira de Klara desde a infância na Globo. Apesar de a publicação ter sido deletada, a apresentadora Antonia Fontenelle ressurgiu com o assunto um mês depois ao declarar que a artista teria entregue a criança para adoção.

Com a repercussão, Klara se manifestou por meio de uma carta aberta no Instagram. Ela explicou que foi abusada sexualmente e procurou ajuda médica após sentir um mal-estar. Com isso, descobriu a gravidez apenas 30 dias antes de dar à luz e foi obrigada pelo médico a ouvir o coração. "Ele não teve nenhuma empatia por mim", relembrou.

A atriz optou por entregar a criança para adoção e, em meio a todos esses problemas, ainda foi coagida por uma enfermeira que ameaçou contar a história para um jornalista. "Quando cheguei no quarto, já havia mensagens dele. Ele só não sabia do estupro. Eu expliquei tudo".


A situação ficou ainda pior após o jornalista Léo Dias publicar uma matéria com todos os detalhes. Após sofrer críticas, ele tirou o texto do ar e, dois anos depois, os processos ainda correm sob segredo de Justiça.

"Não foi minha decisão contar nada, nunca quis que ninguém soubesse. Achei que poderia levar para o caixão toda aquela dor e, quando fui exposta, me senti extremamente vulnerável (...) Sabia que essa entrevista precisaria ser dada em algum momento. Me sinto forte para falar, só desta vez", disse à Glamour.

"Todo o período desde o acontecido foi um pesadelo que ganhava novos desdobramentos. Eu simplesmente não queria viver aquilo. Nunca quis me pronunciar, e jamais para esconder das pessoas, e sim porque não tinha digerido o que aconteceu. Fui obrigada a externalizar de forma muito brutal o que vivi", pontuou.

"Achei que poderia levar para o caixão toda aquela dor e, quando fui exposta, me senti extremamente vulnerável. Eu já tinha sido... Eu odeio a palavra, não vou usar, tá? Então, calma, vou reformular... Levei pelo menos um ano para digerir não só o momento fatídico e a consequência física dele, mas a exposição. Quando minha privacidade foi invadida, não sabia onde me apoiar em mim mesma. Eu tinha minha família, tinha uma equipe profissional, um time jurídico, mas estava desamparada em mim. Eu não dormia, meus pais não dormiam. A gente chorava junto dois dias e dormia um, porque não tivemos tempo de assimilar. Nunca vamos nos acostumar com a ideia do que aconteceu", acrescentou.

"Quando você decide pela entrega voluntária, tem que passar por um processo longo. Prefiro não descrever, porque posso me equivocar [entenda como funciona aqui]. O que queria contar é que fiz o boletim de ocorrência contra o meu agressor, porque até hoje sou muito julgada pelas pessoas que acham que não denunciei. Não o fiz imediatamente, mas denunciei. Confio muito na Justiça. Tenho provas diárias do que é a justiça dos homens e o que é a justiça divina, a qual me apego muito, porque sei que se não fosse pela minha família e pela minha fé, não estaria mais aqui. Segui com todos os processos que cabiam e eram justos. Sinto que, passados quase dois anos da minha carta, as pessoas ainda buscam argumentos contra mim, sobre o que aconteceu comigo", contou.

"Então, se isso é motivo para que as pessoas ainda me julguem, saibam que o agressor foi denunciado. Toda mulher que é vítima de violência tem direito ao segredo de justiça. O meu sigilo foi quebrado contra a minha vontade. Eu não tive nem o direito de não ser revitimizada, e diariamente não tenho", admitiu.

"Senti na pele o que é ser questionada por tomar uma decisão, o que é ser extremamente julgada por ter uma opinião. Temos um longo caminho como sociedade para respeitar nossas meninas e mulheres. Se a situação não é com a gente, a gente não tem que entender a decisão, apenas respeitar. Isso vale para mim também. Se não é comigo, se não me diz respeito, não tenho que entender. Eu só preciso respeitar (...) Nossa, estou arrepiada... Eu gostaria de ser lembrada pela minha trajetória profissional, pela minha dedicação às coisas e às pessoas que amo. Gostaria muito de ser lembrada não só pelas personagens marcantes que já fiz, mas pelas que virão também. E, principalmente, gostaria de ser lembrada por ser uma pessoa capaz de fazer o impossível para ver quem corre comigo feliz", concluiu.

*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko

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