O reality show Round 6: O Desafio, da Netflix, estreia somente no dia 22 de novembro, mas o participante brasileiro Yohan Tanaka já botou a boca no trombone e comentou sobre as manipulações do programa. Ao todo, 456 participantes de diferentes países devem lutar para receber o prêmio de US$ 4.56 milhões(aproximadamente R$ 23 milhões), mas parece que a atração não é tão perfeita assim.
O cantor é o único brasileiro na disputa, e ele logo foi surpreendido com uma série de supostas manipulações de resultados. À coluna Fábia Oliveira, Yohan explicou o que aconteceu durante as gravações do reality.
"As gravações foram um caos, foram horríveis. A gente estava muito empolgado no início, e depois ao decorrer das gravações, horas passando, a gente começou a entender que não era nada do que a gente realmente esperava ou achava que ia ser", disse.
"Em janeiro desse ano, recebi um e-mail que finalmente mudaria a minha vida. Fui selecionado para representar o Brasil na gravação da competição. Mas na verdade era um reality com cartas marcadas, abuso de poder e zero chances reais de ganharmos qualquer prêmio milionário. Fomos apenas figurantes não pagos", contou.
"Entramos no país como turistas, e não para trabalhar numa produção com visto de trabalho. Assim que chegamos, já possuíamos as passagens de volta, indo contra todo o processo da veracidade de um reality show", revelou.
"O primeiro game foi o da bonequinha que mata caso você se mexa, através de laser nos olhos. Essa, pra mim, durou entre oito a 10 horas. A gente não tem certeza exatamente porque não tinha como olhar relógio, telefone, tudo era proibido. Nesse dia estava 9 graus negativos, o dia mais frio do ano", relembrou.
"Cada parada que a gente tinha que dar para esperar a bonequinha voltar, virar de novo de costas para começar a cantar, eram de 10 a 20 minutos. Ficávamos congelados, sem poder se mexer, porque tinha os drones para fazer captação das imagens, tinha as câmeras no próprio chão ali filmando. Eles faziam a gente sofrer mesmo, a ideia era essa, era a gente desistir pra eles conseguirem eliminar mais rápido possível, pra depois focarem nas pessoas que eles queriam, ou na quantidade que eles iam querer", relatou.
Além disso, Yohan falou que muitos participantes passaram mal, desmaiaram e se machucaram devido às quedas: "As pessoas começaram a desmaiar, a cair, a ter contusão, teve gente que caiu, bateu a cabeça… Teve uma que teve convulsão".
"Teve um momento que foi muito marcante pra muita gente. A primeira vez que alguém se machucou, de desmaiar, eu lembro que uma pessoa começou a gritar: ‘Médico, médico’ e aí os outros também gritaram, virou um coro. Acho que ninguém estava entendendo o que estava acontecendo. A gente começou a olhar para o lado sem querer se mexer, porque a gente não queria também perder a oportunidade de passar para a próxima fase e talvez ganhar uma bolada. Quando a gente entendeu a gravidade, todo mundo começou a entender que era muito real o rolê ali e era muito manipulado também", acrescentou.
O cantor explicou que o programa usava uma espécie de caixão para "resgatar" os integrantes que haviam sido eliminados da prova, mas isso passou a ser usado para quem também passava mal no local.
"A gente viu alguém sendo carregado, em vez de numa maca, colocaram a pessoa que tinha passado mal dentro do caixão para usar isso nas cenas das edições. Foi muito louco, muito caótico", declarou.
Yohan admitiu que as manipulações eram tão severas, que ele e outros participantes concluíram as provas, mas mesmo assim foram desclassificados. "Eu e mais umas 20, 30, mais ou menos, chegamos e fomos eliminados depois disso, porque eles quiseram, porque não tinha mais espaço para mais gente", disse.
"Houve vários tipos de abusos, principalmente o psicológico. Abuso físico… A gente podia desistir a qualquer momento, só que acreditávamos que era uma competição real. Acho que esse era o grande problema, a gente ter acreditado. Por que quem é idiota de ficar de oito a 10 horas em pé, congelando, sem comida, sem bebida, sem água, sem nada? Se a gente soubesse, a gente não ficaria", disparou.
"Eu saí da minha casa para estar à disposição da produção por um mês em Londres, como estabelecia o contrato. Assim que cheguei, já recebi minha passagem de volta para o Brasil, sem mesmo as gravações terem iniciado. Como isso pode acontecer?", relatou.
"Eu surtei, não sabia o que fazer. Fiz a produtora mudar meu voo, porque eu não tinha condições de retornar ao Brasil. Era o meu sonho, eles não cumpriram a parte deles do contrato. Me senti usado, como se fosse uma peça do quebra-cabeças, um figurante que não estava recebendo nada para estar ali", acrescentou.
"Round 6 é o primeiro single da minha nova era após quase um ano desde que recebi aquele tal e-mail. Round 6 narra os jogos de uma competição mentirosa mas ao mesmo tempo faz analogia ao jogo do amor. Ou no meu caso, os jogos de um relacionamento tóxico que vivi mas que reagi a tempo e me tornei vencedor", pontuou.
*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko