Após 22 anos, o Carnaval de São Paulo terá novamente uma travesti ocupando o cargo de madrinha de bateria. E a cantora Pepita é quem irá atravessar a passarela do Anhembi em 2024, defendendo a escola de samba Unidos de São Lucas, que voltou ao grupo de Acesso 2.
A coroação de Pepita aconteceu na noite deste sábado (22), na quadra da escola de samba, localizada no bairro Parque São Lucas, na Zona Leste de São Paulo.
A última vez que o Carnaval paulistano teve uma travesti no cargo de madrinha de bateria foi em 2002, na própria Unidos de São Lucas, com o ator Jorge Lafond (1952-2003), intérprete da personagem Vera Verão. A escola de samba é conhecida por seu apoio irrestrito à comunidade LGBTQIAP+.
"Eu já me sinto parte dessa comunidade. Meu marido foi nascido e criado lá, frequentou muito a quadra e me ver nela, ver minha família, vai ser um dia muito especial, muito gostoso. Estou muito feliz, animada e ansiosa. É um mix de emoções e eu vou dar o meu melhor", disse a cantora.
"O significado de madrinha para mim é mãe, acolhimento, carinho, respeito e cuidado. Eu vou pisar na frente de uma bateria que há 21 anos uma pessoa que sempre me representou pela sua arte, pela sua cor, pela sua bandeira pisou, Jorge Lafond, e hoje eu me vejo na frente dessa bateria. Mãe, filha e travesti, é surreal", concluiu.
O desfile de 2024 marcará o retorno da agremiação ao sambódromo do Anhembi após 8 anos. Foram diversos rebaixamentos ao longo dos últimos anos, mas a escola mostrou uma recuperação de sua tradição e emplacou duas vitórias consecutivas nos últimos anos: do Acesso 1 de Bairros, em 2022, e do Especial de Bairros, em 2023.
A última vez que a escola esteve no grupo Especial foi exatamente em 2002, quando Jorge Lafond desfilou. Neste ano, a Unidos de São Lucas levará para a passarela do samba o enredo O Canto das Três Raças... O Grito de Alforria do Trabalhador!.