Alberto Luchetti Neto, ex-diretor do programa Domingão do Faustão, revelou que o apresentador praticava assédio moral contra os funcionários da Globo. De acordo com o jornalista, que esteve à frente da atração entre 1998 e 2002, um dos casos resultou em um suicídio.
Em uma entrevista a Veja, o diretor-geral do programa contou mais detalhes sobre como eram os bastidores e deu sua opinião sobre a ida de Fausto Silva para a Band. Quando questionado sobre ter cogitado dirigir o Faustão na Band, Luchetti respondeu que não era maluco de ter ido.
"Não, eu não sou maluco de ter ido. Isso é uma irresponsabilidade dele e da cúpula da Band, de colocar um programa diário, no horário nobre, achando que o Faustão tinha o dinheiro da Globo. Ele achava que o dinheiro era dele, mas não. Tanto é que entrou um oportunista no lugar do Fausto, o Luciano Huck, e o dinheiro está lá do mesmo jeito. Quem tem a audiência e o dinheiro é a emissora. Ele não levou nem um, nem outro", disse.
De acordo com ele, a motivação de Faustão sair do ar seria a mudança repentina na rotina e sua saída inesperada da Globo. A mudança de 52 programas semanais por ano, para 60 em três semestres na Band pesou para o apresentador.
"A probabilidade de dar errado era de 100%. Por isso, digo que é irresponsabilidade dele e da cúpula da Band. Ele não vai ter a vida financeira afetada (com a demissão), mas estamos falando em 300 demissões! Quem deveria ser demitido são os diretores que concordaram em pagá-lo. Não havia estrutura para isso ali", completou.
Além disso, Luchetti contou que a imposição dele incluir seu filho, João Guilherme, no projeto não é algo novo. O jornalista afirmou que ele fazia isso com todo mundo. "Pega o histórico do programa dele na Globo. Ele fez isso com o câmera-man, o Renato Laranjeira, que foi namorado da irmã dele", lembrou.
Um dos pontos mais importantes da entrevista com o ex-diretor foi a confissão de que havia muitos casos de assédio moral relacionados com Faustão. "O assédio moral dele era o seguinte: tinha costume de esculhambar a produção no ar e de pedir desculpa no particular. Criticava o trabalho em rede nacional", contou.
O jornalista ainda exemplificou com caso de Angela Sander, que foi tão perseguida por ele que cometeu suicídio. "Foi uma desgraça que a Globo tentou esconder por todos os meios. Eu já estava fora. Ela estava tão desesperada, ele humilhou tanto ela, que um dia ela tomou remédio, foi dormir e não acordou mais", disse.
Sobre seu rompimento com Faustão, Luchetti contou que isso aconteceu quando colocou o programa de Serginho Groisman no ar. Aliás, o jornalista trabalhou três anos ao lado de Luciana Cardoso, mulher de Faustão, e assim precisavam conversar. "Eu falava com ele, mas podendo evitar, preferia", complementou.
De acordo com o comunicador, não houve briga e já escutou de Faustão que ele era o único irmão da vida dele. Em um dos casos, ganhou um relógio de cerca de R$ 100 mil dólares do apresentador, mas preferiu devolver dizendo que não queria ser irmão dele, e Faustão não aceitou muito bem a situação.
"Foi a pior possível. O que me fez devolver foi o jeito dele. Para continuar com o relógio, eu tinha que dizer que era irmão, então preferi dar o relógio, o símbolo da irmandade não existia mais. Um dia, já quando a Luciana trabalhava comigo, ele me convidou para almoçar. E perguntou o que achava das mudanças que estava fazendo no programa. Falei: 'Fausto, eu ganhava muito dinheiro para fazer teu programa. Mas para ver, teria que ganhar muito mais'. Ficou um clima ruim, acabou o almoço", contou.
Luchetti afirmou que Faustão era um cara ultrapassado na Globo, que tinha 74 anos e não se modernizou. "Ele bota tênis, fala ‘ô louco meu’ e acha que é moderno", reforçou. Assim como o apresentador, ele acredita que era melhor que tivessem parado com a transmissão no auge.
"Era melhor ter parado no auge, do que ter parado nessa desgraça. A verdade é que ele, como grande repórter de campo que foi, não fez o que o Pelé fez, não soube parar. Não fez o que o Michael Jordan fez. E terminou por baixo, saiu pela porta dos fundos da Globo, e saiu de forma lamentável na Band. Você tem ideia do que é parar de fazer um programa por falta de audiência? É a pior coisa para um apresentador", falou.
Por fim, quando questionado sobre uma possível contratação de Fausto Silva em outra emissora, o jornalista deixou claro que não acredita nessa possibilidade "Vou antecipar a você o que vai acontecer: Fausto vai viver na ponte aérea São Paulo-Milão. Não vai fazer mais nada na vida. Ninguém vai querer ele, e ele não tem mais pique para fazer nada além do que já fez. Pode escrever aí", finalizou.
*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko