Penelopy Jean é uma força da natureza. Apresentadora do reality show Drag Me As a Queen, do canal E!, e jurada fixa do Canta Comigo, da Record, a personagem criada pelo multiartista Renato Ricci surgiu de uma necessidade de se proteger. E também de apagar os anos de bullying e rejeição que sofreu na infância e adolescência por ser gay.
Em entrevista ao podcast Não É Nada Pessoal, apresentado por Arthur Pires e por este colunista que vos escreve, Renato revelou que apanhou diversas vezes na escola pelo fato de ser gay. E que a diretora, em vez de protegê-lo, o encaminhou para um "tratamento" com psicólogo para passar pela "cura gay".
"A diretora chamava a minha mãe e falava que ela tinha que me levar no psicólogo. Mas o problema ali não era eu", disse o apresentador. "A ideia da direção [da escola], na época, não era: 'Leva no psicólogo para entender'. Era: 'Leva no psicólogo para dar corretivo, para resolver o problema'."
A vida estudantil do intérprete de Penelopy Jean passou a ficar complicada na 5ª série do Ensino Fundamental. "Quando começou a adolescência, aí tudo piorou, porque o bullying ficou forte", lembra.
Apanhar na escola por ser gay era um ato frequente. Mas para Renato, a pior violência que sofreu foi a rejeição. Os colegas de sala fugiam dele na hora de fazer trabalhos em grupo e o isolavam nos momentos de interação coletiva.
"As piores violências são aquelas que a gente ouve e as pequenas atitudes que destroem a gente. Eu lembro que o pior era na hora de fazer trabalho em grupo, porque eu era totalmente excluído. Isso também é um dos motivos de eu buscar tanto a minha aprovação e reconhecimento pela minha drag, buscar pessoas que me admirem e queiram estar comigo, porque a gente sofre muito quando sendo uma criança LGBTQIA+. Foi muito triste tudo o que eu vivi", relembrou.
De tantas idas à direção da escola para denunciar o bullying, a mãe de Renato foi orientada pela chefona da instituição a levá-lo ao psicólogo, para que ele tivesse um corretivo. Mas ela sequer considerou a possibilidade e encontrou outro caminho para dar paz ao filho.
Não fui. Eu estudava em escola particular porque minha mãe trabalhava na escola. Eu venho de uma família de classe média baixa, não tinha condições.
"Minha mãe me ajudou muito no lado espiritual. Minha família sempre foi Kardecista, quando eles me levaram lá [no centro] me ajudou muito, conversar com alguém ali que me deu total suporte e motivação. E foi bem nessa época que eu estava cogitando fazer... você sabe bem o quê. Foi o que me impediu de fazer isso, foi a parte espiritual", desabafou.