Antes de se tornar nacionalmente conhecido por conta de sua participação no BBB10, Dicesar enfrentou diversas dificuldades em sua vida pessoal. Uma delas foi a fome. Nos anos 1990, quando chegou a São Paulo, ele começou a trabalhar como maquiador no SBT. E por falta de dinheiro para comprar a própria comida, muitas vezes se alimentou dos restos do prato de Angélica.
"Eu almoçava quando ela almoçava. E o que sobrava do almoço da Angélica, eu comia. Durante muito tempo foi assim", disse ele em entrevista ao podcast Não É Nada Pessoal, apresentado por Arthur Pires e por este colunista que vos escreve.
Dicesar comentou que Angélica nunca soube de sua situação financeira e tampouco que ele se alimentava de suas sobras diariamente, embora os dois se dessem muito bem nos bastidores e tivessem uma certa amizade.
"Ela não sabia, porque ela mandava jogar o almoço dela fora e a gente comia o que sobrava. A gente não tinha dinheiro pra comer. E as pessoas achavam que eu estava rico porque eu era maquiador da Angélica", relatou. "Nunca contei pra Angélica, ela está sabendo disso agora. Comer sobra do prato do artista... A gente passava por muita coisa."
Dicesar veio para São Paulo muito jovem e morou por dois anos em uma pensão na região central da cidade. Como seu salário era baixo na época, ele escondia os perrengues de sua mãe, que estava morando em Londrina (PR), para que ela não sofresse por conta das dificuldades que o filho enfrentava na "cidade grande".
"Eu li uma entrevista da Madonna, [e ela disse] que quando ela chegou em Nova York, ela comia um saquinho de pipoca de manhã, de tarde e de noite. Quantas vezes eu comi um saquinho de pipoca de manhã, de tarde e de noite... Eu só tinha [dinheiro] ou para o café, ou para o almoço ou para a janta. E minha mãe nunca soube. Eu fiquei uns dois anos [assim]", lembrou.
A falta de dinheiro afetava Dicesar de diferentes maneiras. Uma vez, no pensionato em que morava, ele foi furtado por outro hóspede, que levou sua coberta. Nos dias frios, sua única maneira de se proteger era com a toalha que usava para se enxugar após os banhos.
E nos dias de chuva, o chão da antiga sede da emissora de Silvio Santos, na zona norte de São Paulo, se transformava em sua cama. "Quando chovia eu tinha que dormir no SBT, no camarim, porque não tinha como ir embora", relatou.