Eleito o melhor goleiro do Campeonato Brasileiro de 2001, Emerson Ferretti assumiu sua homossexualidade em entrevista ao podcast Nos Armários dos Vestiários. O ex-jogador de futebol, que atualmente trabalha como comentarista esportivo na TV Aratu, afiliada do SBT na Bahia, deu detalhes de como sobreviveu em um ambiente extremamente preconceituoso.

"Eu consegui sobreviver! Parei de jogar com 35 anos, fui até o final, joguei em vários clubes. Sei que a fama me prejudicou bastante, poderia até ter tido muito mais sucesso, conquistado mais coisas. Mas, em uma avaliação da minha carreira, acredito que foi muito positiva. O fato de ser gay não me parou, eu fui até o final", comentou.

Emerson atuou em grandes clubes nacionais, como Grêmio e Flamengo. Mas foi no Bahia que ele ganhou o prêmio de melhor goleiro do ano. E foi com o Juventude que ele conquistou a Copa do Brasil de 1999.

Ídolo de uma geração e ainda admirado pelos torcedores do Bahia, o ex-goleiro levou uma vida solitária por conta de sua sexualidade, mantida em sigilo durante o período em que esteve em campo.

"Eu optei por enfrentar tudo sozinho. Nunca casei, não aparecia com uma namorada. Quando tinha alguma reunião, todo mundo levava a esposa, eu estava sempre sozinho. Sofri bastante e pensei em desistir várias vezes. Era um peso muito grande nas minhas costas", lembrou.

Ele acredita que a posição de prestígio que conquistou perante a torcida do Bahia o deu forças para se assumir publicamente, e espera que isso sirva de incentivo para acabar com a homofobia presente no esporte.

"Jogar luz sobre o assunto vai quebrar um pouco esse silêncio. Sempre existiu gay no futebol, só que ninguém fala, faz de conta que não tem... Esse é um legado que pretendo deixar fora de campo", declarou.