O filho que Irma (Camila Morgado) está esperando de Trindade (Gabriel Sater), em Pantanal, nascerá com traços do Cramulhão, já que o peão de Zé Leôncio (Marcos Palmeira) tem pacto com o demônio.

Mas, anos antes da primeira versão da novela ser escrita por Benedito Ruy Barbosa, em 1990, uma lenda rondava o Estado de São Paulo e assombrava os moradores da região: um bebê-diabo nasceu em São Bernardo do Campo, ABC Paulista.

"Nasceu o diabo em São Paulo", dizia a manchete do jornal impresso Notícias Populares, em 1975, que pertencia ao grupo Folha de S.Paulo e tinha como característica principal o sensacionalismo.

Segundo a publicação, que teria sido a única sobre o caso da época, o bebê Cramulhão veio ao mundo falando e ameaçando a própria mãe de morte.

Com um tom de mistério e terror, o texto relatava que o bebê tinha o corpo "totalmente cheio de pelos, dois chifres pontiagudos e um rabo de, aproximadamente, cinco centímetros, além de um olhar feroz, que causa medos e arrepios".

Depois da primeira publicação, o jornal passou a fazer uma série de reportagens, com textos diários sobre o assunto. Foram 27 capas sobre o bebê-diabo e traziam depoimentos de pessoas que viram o pequeno Cramulhão soltando fogo pela boca, pedindo sangue, falas de enfermeiras que tinham feito o parto, entre outras histórias misteriosas. 

O bebê Cramulhão virou uma verdadeira lenda entre os paulistanos na década de 1970, mas, de acordo com o Blog Memória, da revista Veja, realmente uma criança teria nascido com duas pequenas saliências na testas e prolongamento no cóccix, em São Bernardo do Campo naquela época. O caso foi resolvido com uma cirurgia.

Um repórter do Notícias Populares foi até o local fazer a apuração e voltou com um texto que relatava os fatos médicos, sem sensacionalismo, porém a publicação optou por levar a lenda urbana adiante e tratar o assunto como algo sobrenatural. Será que o filho de Irma com Trindade será igual ao bebê de São Bernardo do Campo? 

*Com a colaboração de Gabriela Ramos.