Aisha Santoz sofreu racismo e bullying durante o MasterChef Junior
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Aisha Santoz sofreu racismo e bullying durante o MasterChef Junior


Como esquecer aquela figura carismática, dócil e minúscula que chegava a se esconder atrás da bancada do MasterChef Junior? Aisha Santoz tinha apenas 9 anos quando despontou como uma das favoritas do público. Mas em vez de surfar na fama que conquistou no reality da Band, ela se afastou dos holofotes por conta da avalanche de ataques de ódio que passou a receber pelas redes sociais.


"Eu era muito pequena e de repente todos me conheciam, queriam tirar foto comigo, até tocavam a campainha da minha casa só para me conhecer. O problema é que, ao mesmo tempo em que recebia todo aquele amor, eu também comecei a receber alguns ataques racistas e a sofrer bullying", explicou Aisha, que está prestes a completar 16 anos.

Ela precisou de bastante tempo para refletir sobre os acontecimentos e hoje tem escrito um livro biográfico, no qual irá relatar os episódios de racismo, bullying e ataques de ódio que sofreu por conta de sua participação no programa.

"Hoje, quando eu paro para organizar minhas memórias para o livro que estou escrevendo, lembro de coisas que nunca contei para ninguém. Ao ler rascunhos do livro, minha mãe até ficou chateada comigo por não ter compartilhado tudo com ela, para que pudesse me proteger", confessou.

Os comentários foram tão pesados que Aisha passou a esconder dos amigos da escola sua passagem pelo reality show da Band, e também dos amigos que fez nos últimos anos, com trauma dos comentários.

"Me esconder foi a forma que encontrei para me defender sem a necessidade de expor tudo o que eu sentia. Desde coisas bobas, que hoje já sei lidar, como comentários ofensivos na internet, até palavras duras que ouvi, por exemplo, de outras crianças em eventos e na escola. Comecei até a parar de contar que eu tinha participado do programa quando conhecia pessoas novas. Eu já esperava que, por inveja ou por prazer mesmo, diminuiriam minhas conquistas e fariam piadinhas, como fizeram antes", disse.

Mesmo que ainda seja jovem, ela passou a prestar atenção em outras meninas negras empoderadas e que usam seu espaço nas redes sociais para ajudar suas seguidoras a não se deixarem abater pelos ataques racistas. E por ainda ter seguidores na web que começaram a acompanhá-la por conta do reality show, ela decidiu mudar seu foco e voltar a se expor, mas com uma nova mensagem para passar.

"Eu via outras meninas jovens e empoderadas lutando e pensava que, se eu tivesse seguido pelo caminho da fama, poderia estar usando a minha voz para colaborar. Foi quando decidi escrever um livro, ainda não me sentia preparada para algo mais radical, mas retomar minhas memórias ali, na segurança do meu quarto, já era um grande passo. Até que, esse processo de escrita começou a funcionar como um desabafo, como uma terapia que me deu uma nova coragem e um novo propósito de vida. Sim, eu estou pronta para voltar e para me expor", afirmou.

Livro no forno

O livro que Aisha tem preparado ainda não tem um título definido, mas será lançado neste ano pela editora DISRUPTalks.

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