Shazam pode até ser o herói que toda criança gostaria de ser , como observou Zachary Levi, o ator que dá vida ao personagem no cinema, em entrevista ao iG , mas "Shazam!" é o filme que a Warner e a divisão de filmes da DC Comics pediram a Deus. Talvez não literalmente.
Segundo projeto capitaneado por Geoff Johns na produção executiva dos filmes do Universo DC, "Shazam!" é uma produção para toda a família, sem qualquer vergonha de se vender dessa maneira. É, também, uma parodia desse universo hiperbolizado dos super-heróis, mas com uma leveza e ternura que "Deadpool" (2016) dispensa.
Dirigido por David F. Sandberg, um cara que vem do terror e antes desse big budget tinha dirigido "Quando as Luzes se Apagam" (2016) e "Anabelle 2: A Criação do Mal" (2017), o longa é uma ponte para públicos diversos que não necessariamente curtem o gênero de super-herói.
É uma estratégia interessante no longo prazo, e bem eficiente já no curto prazo. É, ainda, uma demonstração clara de que a Warner finalmente se libertou da pressão de espelhar a Marvel . Talvez por isso, o filme do Flash esteja jogado no limbo, mas isso é assunto para outro texto.
Dez dias depois da estreia nos principais mercados do mundo, incluindo EUA, América Latina e diversos países da Europa, a produção ostenta US$ 260 milhões e aprovação em sites agregadores de crítica acima de qualquer crítica. No Rotten Tomatoes, por exemplo, está na casa dos 90% entre os críticos e 88% entre o público. São índices para lá de confortáveis.
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Um novo padrinho
O primeiro filme sob plena supervisão de Johns foi "Aquaman", o primeiro desde a trilogia do cavaleiro das Trevas de Nolan a atingir o clube do bilhão de dólares. Esta não é uma meta de "Shazam!" e nem deveria ser.
O orçamento de US$ 100 milhões indica que o filme já dá lucro apenas dez dias depois da estreia e a adesão de público e crítica demonstra que o investimento em produções fora do escopo dos principais personagens (Batman, Superman, Liga da Justiça, etc) deve ser perseguida, se bem tutelada.
O clímax é um pouco problemático, mas a ideia de ser um filme de gênero antes de ser um filme de herói - e as analogias com "Quero ser Grande" (1988), o filme que colocou Tom Hanks no mapa, não são desnaturadas-, é não apenas funcional, como comercialmente potente.
"Coringa", o aguardado filme solo do palhaço do crime estrelado por Joaquin Phoenix, deve seguir pelo mesmo caminho. O trailer promete um drama criminal com um elaborado estudo de personagem. Não é um filme caça-níquel.
Com essa proposta, a Warner estabelece um rumo diferente, depois de muito sugerir e prometer, da Marvel. Os cinéfilos e fãs dos personagens da DC podem - e devem - ficar otimistas. "Shazam!" não é um grande filme, mas é um produto muito bem calculado e vendido. Do tipo que a Marvel custuma fazer, ainda que em um escopo essencialmente diferente.