“A gente via um processo urbanístico de transformação muito intenso e muito veloz sem qualquer consulta à população. Eu fiquei muito incomodada”, observa Marina Meliande em bate-papo com a coluna sobre “Mormaço”, filme que estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas brasileiros e mostra como as obras para as olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016 tiveram um impacto devastador sobre uma camada mais desfavorecida da sociedade.

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Cena do filme Mormaço, que estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas brasileiros
Divulgação
Cena do filme Mormaço, que estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas brasileiros

“Grande parte da mídia e do poder público viam esse processo com bons olhos, observa Marina Meliande que além de dirigir o longa assina o roteiro ao lado de Felipe Bragança, “mas eu passei a observar os processos de remoção, tudo muito violento, a especulação imobiliária que veio junto e comecei a me sentir menos bem-vinda na minha própria cidade”.

“Mormaço”, portanto, é um filme impregnado desse mal-estar social provocado por esse processo traumático, mas não é um filme que se escora apenas no realismo. “Eu sempre quis começar como algo realista e transformar em algo fantástico e achar certa poesia nessa transformação”, opina a cineasta.

Em “Mormaço”, Ana, vivida pela atriz Marina Provenzzano, é uma defensora pública engajada na defesa de uma comunidade ameaçada de remoção pelas obras do Parque Olímpico. Enquanto isso, misteriosas manchas roxas, similares a fungos, aparecem em seu corpo. “De fato eu queria que ela se transformasse junto com a cidade”, admite Meliande que garante que a questão não é apenas metafórica, ainda que ganhe força neste contexto.

É mais ou menos por aí, mais uma vez relacionando questões tipicamente cariocas, que a cineasta chegou ao nome do filme. “Mormaço é o sufocamento do calor; é uma mistura de cansaço e acúmulo. A doença da Ana está relacionada com umidade e acúmulo de tensão”, observa a cineasta, antes de emendar que em um aspecto mais amplo, a “doença também está vinculada à ideia de resistência”.

Deliciosa vida nova

A apresentadora Fernanda Gentil
Divulgação/Glamour

Fernanda Gentil

Fernanda Gentil ainda não estreou no entretenimento da Globo e talvez nem estreie em 2019, mas está na capa da Glamour de maio e à revista, ela fala um pouco dessa expectativa. “Me despedir do esporte foi especial e dolorido”, conta. “Nunca imaginei fechar esse ciclo. Achei que fosse tirar mais de letra, mas o entretenimento me dá muita adrenalina, tenho uma folha em branco para escrever uma história muito legal”.

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A apresentadora diz que “o processo criativo é mais bacana do que estar no ar” e que “quer fazer um programa para dar um abraço pela televisão”. No papo, ela ainda diz que a maternidade a transformou e que não tem preconceito por viver com outra mulher. “O melhor que posso fazer é viver naturalmente”, observa. “Não incomodamos ninguém e nem atropelamos princípios e valores que são nossos. Não tem preconceito, figura ou autoridade que prove que estou fazendo algo  errado se minha consciência não me diz isso”.

Reserva mais pop

Muita gente estranhou quando o Reserva Cultural , recanto do cinema de arte em São Paulo, colocou “Vingadores: Ultimato” em cartaz em uma de suas salas. Os tempos são mesmo outros e o cinema, que há alguns anos abriu uma filial em Niterói, agora terá a comercialização de publicidade desenvolvida pela Flix Media, que já é responsável pela publicidade em cinema das principais cadeias exibidoras no País, como Cinemark, Cinépolis e Kinoplex.

A ideia não necessariamente é mudar os códigos identitários do Reserva Cultural, mas torna-los mais flexíveis e reconhecíveis para o público frequentador. É um movimento a se observar pelos cinéfilos paulistanos.

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Fantástico em alta

Cena do filme Mormaço
Divulgação
Cena do filme Mormaço

Preocupada, como toda a classe artística, com as profundas mudanças no âmbito do apoio à cultura promovidas pelo governo de Jair Bolsonaro, Marina Meliande acredita que quem faz cultura no País “terá que se adaptar e buscar novas formas de produzir”. Ela espera que o cinema nacional continue forte e acredita que o gênero fantástico pode se destacar por oferecer uma oportunidade de refletir “esses tempos sombrios”.

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