Depois de 27 anos sem ver o seu tio Roniel, a diretora baiana Camele Queiroz decidiu resgatar o contato com o parente. Então identificada como tia Luma e residindo em São Paulo, Queiroz buscou investigar o percurso de sua vida que ficou silenciada desde os seus seis anos de idade e registrar essas vivências em “ Quarto Camarim ”, um filme  contemplado pelo Rumos Itaú Cultural que terá exibição na próxima segunda-feira (30) no CineSesc, em São Paulo.

Cena do filme
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Cena do filme "Quarto Camarim"

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“Eu já vinha com essa vontade de reencontrar a minha tia que na minha cabeça era meu tio e a partir do momento que esse encontro ficou viável, eu comecei a pensar na possibilidade de registrar esse reencontro”, conta a diretora do filme ao iG Gente . Segundo Queiroz, as memórias do tio eram muito fortes e quando ela descobriu que a então Tia Luma estava em São Paulo, cidade onde também reside a sua mãe, não houve hesitação em buscar encontra-la.

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“Ela já estava assumindo a identidade de travesti. Eu só tinha indícios que ela fazia transformações pra fazer shows, mas não sabia que ela assumia essa identidade”, comenta. O longa que foi produzido ao lado de Fabrício Ramos traça toda a trajetória desta nova mulher na família e sobre a tentativa de reestabelecer relação da sobrinha. 

“Foi bastante desafiador. Tive que conciliar todo esse turbilhão emocional de uma relação que tinha uma série de delicadezas e paralelo a isso estar pensando na construção do filme”, comenta Queiroz.

De acordo com a diretora, o próprio percurso do longa assumiu outros rumos. “A ideia inicial era que eu participasse do filme apenas com a voz, mas Luma me faz uma convocatória para de fato participar e eu assumo esse desafio pois achei justo partilhar esse momento com ela”, conta.

Um filme que vai além

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Making of de Quarto Camarin

Tia Luma, para Camele Queiroz, sempre foi uma pessoa destemida. Ainda que tivesse a proteção da mãe, a avó da diretora, que chegou até mesmo a expulsar o marido de casa por não aceitar o comportamento do filho, Luma teve que enfrentar muito preconceito em Feira de Santana (BA), onde se tornou a primeira travesti a utilizar uma saia.

“Quando ela me contou isso me refletiu muito uma imagem que eu tinha antes uma de Luma. Destemida mas ao mesmo tempo enigmática, porque eu não sabia o que acontecia naquele quarto onde ela se penteava”, comenta. “Acredito que ela enfrentava as situações de uma forma até exagerada, mas isso tinha uma razão de ser, justamente para contrapor esse universo que não respeita as diferenças”, completa a diretora.

Para ela, a trama vai muito além de discussões LGBTQ e a prova disso está na recepção do público. Segundo a diretora, durante a exibição da obra em Salvador, onde atualmente vive, um dos espectadores afirmou que era a primeira vez que não via a imagem de um travesti ser associado à noite, mas sim à sua própria vida como cidadã comum.

“Fizemos uma abordagem que propõe ao expectador uma experiência livre, porque é um filme que desconfia da retórica, busca se expressar muito mais através dos gestos, do não dito, do que de uma linha argumentativa discursiva sobre a questão do gênero”, comenta. “O que predomina é nossa afetividade, nossa descoberta”, completa a diretora.

O longa está rodando em diferentes capitais brasileiras, mas a reverberação que o filme teve na vida de Camele Queiroz ainda repercute. Se por um lado a relação com a sua tia permanece em constante construção graças ao filme, por outro, seu diálogo com o cinema também sofreu modificações. “Foi um duplo aprendizado tanto em termos afetivos e emocionais mas também da própria maneira como nos relacionamos com o próprio fazer cinema”, explica.

Para os pequenos

Cantadoras de História se apresentam no MIS neste domingo (29)
Rafael Bonifácio
Cantadoras de História se apresentam no MIS neste domingo (29)

No próximo domingo (29), a Maratona Infantil do Museu de Imagem e Som de São Paulo, o MIS, recebe o grupo Cantadoras de História com o espetáculo “Um Sonho de Tudo e Nada”. Com entrada gratuita, Ana Koza e Anabel Bianchi trará para o público canções divertidas e voltadas para a diversidade sonora e poética do mundo.

O espetáculo traz com muita sensibilidade e brincadeiras o questionamento sobre a origem da vida e pluralidade cultural para o universo infantil. No repertório, há mitos de diferentes povos, como “Nhanderú” do povo indígena Guarani e “O Sonho de Vishnu”, da cultura Hindu. A entrada é gratuita e as apresentações acontecem em dois horários diferentes: às 12h e às 15h.

O amor está no ar

Casais do BBB 18 sobrevivem fora da casa
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Casais do BBB 18 sobrevivem fora da casa

Parece que os romances do BBB 18 subiram a serra! De um lado, Paula e Breno fizeram a sua primeira aparição pública fora da casa no Camarote Espaço Vida, no Estádio do Minerão para a partida entre o Cruzeiro e Universidad do Chile, pela Copa Libertadores da América. Os dois trocaram beijos pra lá de apaixonados nos bastidores.

Já os queridinhos Wagner e Gleici chegaram a ser um dos assuntos mais comentados desta sexta-feira (27) ao visitar o Complexo do Alemão no Rio de Janeiro juntos, também acompanhados pelo ex-brother Viegas. Enquanto Wagner carregava uma camiseta escrito “Marielle vive”, em referência ao assassinato da ex-vereadora carioca, Gleici usava a frase “Lute como uma garota”. A hashtag  #GleignerVozDasComunidades acabou bombando na web durante o dia. Quanto amor!

É festa!

Editora celebra bicentenário de Karl Marx
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Editora celebra bicentenário de Karl Marx

O mês de maio começa marca o bicentenário de um dos grandes filósofos da história da humanidade: Karl Marx. Em celebração a data, a editora Boitempo preparou um ano de lançamentos de 15 títulos diretamente relacionados a sua história e pensamento.

Nas próximas semanas, dois títulos já poderão ser adquiridos: “Karl Marx e o nascimento da sociedade moderna” de Michael Heinrich e “O velho Marx: uma biografia de seus últimos anos (1881-1883)” de Marcello Musto.

Enquanto o primeiro trabalho busca compreender a vida e a obra do filósofo alemão voltando à atenção não somente à sua vida, mas também a sua obra, o segundo traz uma análise perspicaz dos anos finais ainda pouco explorados de Karl Marx.

A celebração do bicentenário pela editora ainda contará com debates públicos, palestras e atividades culturais voltadas para a popularização do filósofo.

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