Cissa Guimarães como Beatriz, na peça 'Doidas e Santas'
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Cissa Guimarães como Beatriz, na peça 'Doidas e Santas'

A atriz e apresentadora Cissa Guimarães encontrou na obra de Martha Medeiros uma profunda identificação que a levou a transformar o livro "Doidas e Santas" em uma peça teatral de sucesso. A conexão com a escritora começou há mais de 14 anos, quando a atriz leu uma crônica de Martha sobre a chegada dos 50 anos.

Segundo Cissa Guimarães, o texto de Martha Medeiros “tem o dom de poetizar o cotidiano, a rotina, as coisas mais simples”. “Essas coisas ditas e escritas por ela têm uma beleza e profundidade que você não percebe no seu dia a dia, na sua vivência diária. A beleza está exatamente no simples, na sua rotina, que acabamos não valorizando”, explica a atriz.

Ao  iG Gente , Cissa explica como vê sua personagem Beatriz após mais de dez anos desde sua estreia nos palcos com “Doidas e Santas”. Para a atriz, diferentemente da visão que as pessoas tinham de mulheres acima dos 60 anos antigamente, hoje ela sente a vitalidade, a libido, com uma vida cheia de projetos, trabalhos e namoros. “A busca pela felicidade é importante em qualquer idade, e acredito que estamos nesta vida para ser felizes”, afirma.

“A peça é sucesso porque todos se identificam com essa busca pela felicidade. Não é só sobre o universo feminino, o personagem masculino também muda ao perceber que pode perder a mulher por suas atitudes. É bonito ver esse processo de autodescoberta e transformação. A peça envolve toda a família, desde a mãe até a filha adolescente, e todos se identificam. Essa identificação familiar e a busca pela felicidade são, acredito, a receita do sucesso desses anos todos”, explica a atriz.

Refletindo sobre sua própria experiência ao atingir essa idade cheia de projetos e vitalidade, Cissa sentiu uma profunda conexão com os textos da autora. Após um e-mail de admiração, a apresentadora perguntou se Martha tinha alguma obra que pudesse ser adaptado para o teatro, e assim, nasceu a peça "Doidas e Santas". 

O espetáculo, montado com menos de dois anos de produção, já pode ser considerada uma obra tradicional. Estreada em 2010, a montagem já passou por diversas cidades do Brasil, bem como temporadas na Europa. Entretanto, com a chegada da pandemia, a peça passou por um hiato, com a atriz retornando aos palcos em 2024 com uma experiência muito diferente da que tinha na época em que estrelou pela primeira vez.


A história de “Doidas e Santas” é sobre uma mulher que, apesar de cumprir todos os quesitos que a sociedade impõe – casada, com filha, trabalho, profissão – percebe que não está feliz. Ela se dá conta disso durante uma entrevista para o lançamento de um livro, quando lhe perguntam qual foi a última vez que ela deu uma boa gargalhada e ela não lembra. Então, ela percebe que algo está errado em sua vida, que ela julgava ser perfeita dentro dos padrões. Ela decide buscar sua felicidade, mesmo que isso signifique desafiar valores importantes da sociedade.

Sobre sua relação com Beatriz, personagem em que dá vida nos palcos, Cissa afirma que ela a faz entrar em contato e conflito com os próprios valores: “Eu não demoraria tanto tempo para mudar se algo não estivesse bem. Eu partiria para outra rapidamente. Ela tentou se submeter aos padrões impostos pela sociedade, mas percebeu que aquilo não estava certo e decidiu buscar sua felicidade, o que é muito bonito de ver.”

Sem Censura

Elenco do Sem Censura reunido em torno de Cissa Guimarães
Fernando Frazão/Agência Brasil
Elenco do Sem Censura reunido em torno de Cissa Guimarães

A atriz, hoje, divide sua vida nos palcos com a persona a frente de um dos programas mais tradicionais da TV brasileira: o "Sem Censura". Cissa confidencia ao iG Gente como foi ser chamada para apresentar o programa, após uma reformulação do formato:

“Esse lugar nos foi retirado porque fomos muito demonizados durante esses tempos sombrios. Acredito que o ‘Sem Censura’ vem com uma importância muito grande para a cultura brasileira. Fico muito feliz de poder estar à frente dessa bancada neste momento, onde tantas vozes estavam caladas. Agora, podemos nos expressar novamente, mostrar nosso trabalho e criar debates. Enfim, estou muito feliz, estou nos céus."

Para a apresentadora, a importância do programa supera a política e é uma porta de entrada para que os artistas possam “vender seu peixe” e divulgar a arte após um período renegado: “Foram quatro anos de desmantelamento da nossa cultura, e agora ele renasce. Eu acho isso de fundamental importância em todos os sentidos.”

Cissa afirmou ter uma voz ativa na escolha das pautas do programa, especialmente sobre temas de violência. No entanto, devido à rotina diária do programa, ela não participa das reuniões de pauta todos os dias, pois não teria tempo para outras atividades. “Claro que tenho uma voz ativa lá dentro, indicando pessoas que considero relevantes, sempre em concordância com a direção”, explica a apresentadora, que garante uma relação de parceria para o andamento do programa.

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