Gal Costa e assessora Giovana Chanley
Arquivo pessoal de Giovana Chanley
Gal Costa e assessora Giovana Chanley

Nesta sexta-feira (11), aconteceu o velório de Gal Costa na Assembleia Legislativa de São Paulo. Amigos e familiares se reuniram para se despedir da artista, entre eles estava Giovana Chanley, assessora de imprensa da cantora. Ela não conseguiu segurar a emoção ao falar de Gal, que mais que chefe, foi uma grande amiga.  A artista morreu na última quarta-feira (9), em casa, a causa da morte não foi divulgada. 

Giovana, que trabalhou com Gal Costa por sete anos, desde 2015, relembrou como recebeu a notícia da morte da artista. "Eu estou nessa função desde que aconteceu, quando a Wilma [esposa de Gal] me ligou de manhã e falou: 'Gio, corre aqui'. Eu moro em São Carlos, estava em Campinas, por coincidência. Mas falei: 'Não imagina...'. Peguei o carro e sai. Cheguei na casa dela 10h da manhã até agora eu não tinha conseguido derramar uma lágrima, ajudei em tudo que precisou, no dia que a funerária veio buscar, eu ajudei a vestir ela, tudo. Só que hoje de manhã, estava aqui quando ela chegou e agora que está caindo a ficha. Eu não sei explicar", relata emocionada. 

A assessora de imprensa também conta porque não foi divulgada a causa da morte da cantora: "Foi um pedido na Wilma e a gente vai respeitar".

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Ela, então, fala do sentimento de negação que sentiu ao preparar o velório e enterro da cantora: "Ontem, eu estava fazendo a lista dos amigos que estão aqui dentro e eu pensava: 'Não é possível, eu estou fazendo a produção do enterro dela?'. No dia 13, a gente ia fazer show em Estocolmo, a gente ia viajar dia 09 para Lisboa e Estocolmo. E, agora, quando vi meus irmãos de estrada que eu vi que é verdade. Não sei se vamos nos derrubar depois. Mas acho que não porque a gente tem que estar forte. Ela está aqui, não foi embora". 

Em outro momento, Giovana atribui a força que está tendo para lidar com a morte da amiga a Deus: "É Deus que está com a gente (...) No dia em que eu cheguei, só tinha eu para ajudar a Wilma e ele [filho de Gal] porque a família mora longe, no Rio e em Salvador, e não sei... Deus está cuidando de mim como sempre fez. Ontem, fiz o que tinha que fazer, hoje fiz o que tinha que fazer".

Mas ela confessa que teve um momento de sofrimento: "Agora, quando vi minha equipe chegando, que eu era a produtora pessoal dela e artística, de estrada. Aí, eu desabei. Ela era a pessoa mais presente de se ter".

Equipe de Gal Costa
Isabela Frasinelli/ iG Gente
Equipe de Gal Costa

Em seguida, a assessora começa a relatar as lembranças que tem de Gal: "Ela era a pessoa mais divertida de se ter como chefe, eu ria muito com ela, muito doce. Eu fiquei muitos anos com ela, nunca teve um desentendimento ou foi grossa ou brigou. Mesmo quando ela queria falar alguma coisa que não tinha gostado, era na brincadeira. Eu não sabia se ela estava brincado ou se era verdade... não tenho o que dizer". 

Giovana também faz questão de pontuar o carinho que Gal tinha com ela com uma história."Há um dois anos atrás, em um show em Belém, eu acho, antes de entrar no palco, ela falou: 'Esse show é para a Giovana'. Era meu aniversário. Eu não estava perto, mas quando eu cheguei ela falou: 'É para a Giovana. Esse show é para ela", lembra.

Por fim, Giovana se emociona ao falar do legado que Gal Costa deixou para o Brasil e para o mundo. "Vão ser anos, anos e anos e não vai acabar. Ela conseguiu [um legado] no mundo inteiro. Quando saiu na imprensa do Brasil [a notícia da morte], minha prima, que está em Israel, mandou: 'Gio, está na televisão aqui em Israel, a Gal faleceu. É verdade?. Eu falei: 'E verdade', como se fosse um nada, eu estava muito...", finaliza com a voz embargada.


Morte de Gal Costa


Gal Costa morreu na manhã desta quarta-feira (9), aos 77 anos, em São Paulo. O motivo da morte ainda é desconhecido e informações sobre o velório e sepultamento serão divulgadas posteriormente, segundo a equipe da artista. Gal deixa um filho, Gabriel, de 17 anos.

Maria da Graça Costa Penna Burgos, conhecida no mundo como Gal Costa, nasceu em 26 de setembro de 1945, em Salvador, na Bahia, e marcou época na história da música popular brasileira, encantando diversas gerações. A baiana manteve uma parceria longeva com outros artistas baianos, como Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gilberto Gil, os "Doces Bárbaros".

A baiana estava rodando o país com a turnê "As várias pontas de uma estrela", um show que resgatava grandes sucessos da MPB da década de 80. Além disso, a artista foi confirmada em diversos festivais neste ano, como o "Primavera Sound", mostrando a habilidade de se reinventar musicalmente e permear gerações.

Conhecida como "Musa da Tropicália", movimento cultural que começou na década de 60, Gal Costa lançou o primeiro disco em conjunto com Caetano Veloso, em 1967, intitulado "Domingo". O disco contou com músicas interpretadas por eles separadamente, além das parcerias “Coração Vagabundo”, “Domingo” e “Zabelê”. Na Tropicália, Gal Costa gravou o disco “Tropicália ou Panis et Circencis”, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Nara Leão, Os Mutantes e Tom Zé.

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