Não importa qual seja o compromisso profissional, Douglas Silva faz tudo para não perder o horário de levar e buscar a filha, Maria Flor, de 10 anos, à escola. Aproveitar os momentos ao lado da cria é a forma que o ator encontra de diminuir a saudade acumulada pelo trabalho e pela experiência mais recente no “Big Brother Brasil 22”, que o tirou do convívio familiar entre janeiro e abril. E DG acha graça que nessa simples situação cotidiana consegue ver como a primogênita está crescendo.
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— Organizar minha agenda de acordo com os horários da escola da Maria é algo da qual faço questão. O engraçado é que agora a deixo de carro no portão. Não entro mais, porque deixar na porta é coisa dos “pequenininhos”. Assim ela se sente mocinha, não é? Não é que ela tenha vergonha dos pais, mas está na fase de evitar certas situações. Tenho notado também que beijos e abraços já não são tão frequentes como antes. Ela tem o tempo dela — diz Douglas, aos risos.
Por falar em tempo individual, parece que Maria Flor não ia mesmo demorar muito para mostrar o próprio talento. Foi durante o “BBB” que a estudante, mesmo fora da casa, mostrou desenvoltura e carisma diante das câmeras nos depoimentos de torcida para o pai. Convites para fazer testes para atuar em séries e comerciais aumentaram exponencialmente. A garota começa a seguir os passos do pai na carreira artística, mesmo que, inicialmente, ele estivesse tentando evitar esse desfecho.
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— Ainda estou tentando me organizar, ou melhor, me habituar com essa ideia. Fico maravilhado em ver que o carinho que tinham por mim está se estendendo à minha família. E causa um misto de sentimentos ao ver Maria iniciando na TV com a idade que eu também comecei, quando gravei “Palace II”, uma espécie de primeiro piloto de “Cidade dos homens”. É que todo mundo dizia que eu deveria inscrever minha filha em escolas de teatro, mas posterguei ao máximo. Esta é uma profissão glamourosa, mas também ingrata. Se para adulto já é difícil lidar com frustração, imagine para uma criança! Bom, tudo tem sua hora e percebo hoje que Maria Flor é muito mais madura do que eu era. Além disso, seria egoísta da minha parte esconder esse talento dela só para mim — derrete-se.
Com esses novos rumos profissionais, pai e filha estão cada vez mais entrelaçados, graças à arte. Por isso, quando a Canal propôs este ensaio fotográfico no ambiente lúdico do Parque Patati Patatá Circo Show, no Rio, foi fácil cumprir a exigência do ator de seguir a agenda escolar de Maria Flor. Ali, foi também uma amostra do que a criança poderá encontrar pela frente. Vindo de um dia integral na escola, chegou tímida, demonstrou sinais iniciais de cansaço. Mas bastou comer um cachorro-quente gostoso e já estava nos bastidores se divertindo com as roupas, os penteados e até dançou com a equipe o hit “Desenrola, bate, joga de ladin”. A maquiagem? Não quis nem tirar na hora de ir embora.
— Logo que saiu do confinamento e vi tudo que estava chegando para a Maria Flor, eu a chamei para uma conversa. Nós costumamos ter papos sérios assim e são ótimos. Quis entender os desejos dela e os medos. Antes, era só um flerte, agora, ela está assumindo compromissos. Minha filha tem a minha sagacidade, mas a cabeça devo muito a Carolina, minha esposa. O que ela faz pela educação de nossas filhas não é normal. A maturidade da minha filha vem daí. Brinco que quando comecei eu era meio “homem das cavernas”. Maria Flor é como se estivesse anos luz à frente, algo como “Os Jetsons” (o desenho animado de uma família futurista) — diz Douglas, que também é pai de Morena, de 1 ano e 9 meses.
Consciente, a nova atriz vê no pai uma inspiração e já deixa claro que não pretende abandonar antigos sonhos: quer se tornar pediatra.
— Todo mundo fala que eu levo jeito com criança. Eu gosto de cuidar e ajudá-las. Lá em casa, também ajudo com a Morena. Inclusive, ela é levadinha (risos). Meu pai começou muito novo como ator e eu o vejo como uma inspiração. Por ver tudo como brincadeira, ele fazia sem medo e não ficava nervoso com as cenas, acredita? Eu tento relaxar igual — diz a pequena, que também se dá bem em inglês e matemática.
Por uma experiência ela já passou. Ao lado de Douglas Silva, gravou uma participação em uma série para o streaming Star+, ainda sem data de exibição prevista. Os dois interpretaram justamente pai e filha e filmaram no Cristo Redentor.
— Tentei me lembrar de todas as dicas que meu pai me deu, tanto para interpretar, como para dar o tom de cada cena. Foi muito divertido. Como fiquei ao lado dele, ficou tudo bem mais fácil. Me senti segura. Parecia que estávamos fazendo coisas do nosso dia a dia.
Olhando de longe, o pai coruja ficou todo babão.
— Maria fez teste para estar ali e já tinha convencido a equipe lá atrás. E quando a vi em ação, caramba, mandou muito bem. Sério. Fiquei orgulhoso. Agora, ninguém vai segurá-la mais.
Reconhecer a aptidão da filha tão cedo foi diferente, por exemplo, do tempo que levou para entender o próprio talento.
— Eu comecei no projeto Teatro vivo da Maré e tive uma professora, Marcela Moura, que me incentivou. Ela dizia que eu iria longe e foi ela quem me incentivou a fazer testes com a equipe do“Cidade de Deus” e pagou minha passagem de ônibus. E superei 2 mil crianças. Mas até então eu ia fazendo, estava confortável. Só fui dizer que me achava talentoso mesmo depois da terceira temporada de “Cidade dos homens”. Vi que era bom mesmo e não vejo problema algum em dizer isso. E eu tinha um reconhecimento da classe artística também — recorda.
Foi justamente por essa temporada, que DG se tornou o primeiro brasileiro indicado ao prêmio de Melhor ator do Emmy Internacional. Foi em 2005. Não venceu, mas entrou para história. Infelizmente, o título não lhe rendeu tantos frutos como achou que traria. A medalha de indicado, por exemplo, não está exposta na parede de casa.
— Está guardada no armário. Virou uma coisa de currículo. Fiquei muito feliz, orgulhoso e sou grato pela indicação, mas não teve o peso que achei que teria. Percebi isso um ou dois anos depois.
Com mais de 20 anos de carreira, o eterno Acerola também não vê o peso do reconhecimento profissional até hoje.
— Eu tenho vários trabalhos que me deram notoriedade, mas eu poderia ter feito muito mais. Parece que Brasil não valoriza o que é do Brasil. Em todo esse tempo de trabalho, já surgiram outros convites, mas muitos estereotipados. Por isso, estou sempre buscando outros tipos de personagens para quebrar barreiras. Não só para mim, mas para os outros, para a minha filha que está vindo aí. Tenho 33 anos ainda, acho que tem muito caldo ainda para sair desse corpinho e dessa atuação aqui.
Para além de filmografia, se o reconhecimento fosse maior, a vida financeira certamente seria diferente. Desde muito novo, o libriano contribuía nas contas de casa. Com a filha agora entrando no mesmo universo, o peso para ela é diferente. Por isso, toda essa brincadeira só vai continuar funcionando enquanto for leve e divertido como a estrela mirim tem descrito das experiências.
— Comigo, sempre foi trabalho. Eu não tinha férias e feriado. E eu tinha uma importância financeira na família. E com a Maria Flor não precisa ser assim. Não sei se meu lado crianção até hoje, meu jeito de curtir a vida, ou ser o último a sair de uma festa, tem a ver com os impactos disso, ou se sou assim porque sou — reflete o carioca, de 33 anos.
Mas quem o vê todo brincalhão e bem humorado talvez não imagine que é DG o responsável pelas broncas em casa. Uma delas até viralizou, quando logo após a saída do reality show de confinamento, pediu para as filhas, que estavam por zoom, deixar Carolina dar entrevista em paz.
— Meu pai nem dá muito “aviso”. Só fala “Maria” com aquela voz grossa e me olha. Com isso, já me dá um toque e sei que é hora de parar. Mas minha mãe é mais estressada, fala mais — entrega Maria Flor.
O que não quer dizer que DG não se arrependa de alguns excessos.
— A bronca na “Rede BBB”, saiu meio sem querer na hora (risos). Mas eu falo quando preciso e brinco em sequência. Minha esposa acha loucura. Porém, quando eu era criança, eu sabia distinguir. As meninas conseguem entender também. Uma coisa não anula a outra. Já me arrependi de muitas atitudes, mas entendo que faz parte do nosso processo de desconstruir os erros.
Na parte das brincadeiras entre eles, estão fazer penteados e as dancinhas de TikTok.
— Sou extrovertida igual ao meu pai. Quando apareceu o TikTok, comecei a aprender vários passinhos e comecei a decorar. E a gente ama fazer isso juntos. No “BBB”, fiquei toda orgulhosa por ele ter aproveitado a pista e feito todas as nossas coreografias certinhas. Adorei vê-lo se divertindo muito.
A maior surpresa já foi no lado oposto, quando viu DG mostrar um lado mais sensível.
— Ele não era de chorar. Acho que só vi fazendo isso duas vezes. No programa, era todo dia. Agora, ele chora muito.
Até o ator se surpreendeu consigo mesmo.
— Eu também vi minha mãe chorar duas vezes na vida. Provavelmente, porque ela não se permitia. Eu também era assim. Se antes dava para contar nos dedos as lágrimas, agora a Carol conta no calendário — diz DG, dando uma boa gargalhada.
As lágrimas agora são praticamente de felicidade, ele garante.
— Cantei com o Péricles e chorei porque subi ao palco com meu ídolo. Tem sido assim, sabe?
O sentimento muda de figura quando bate uma cobrança, quase excessiva, por acertar com as crianças. Assim como estar presente o máximo possível. Isso muito tem a ver com a própria criação na infância. DG viveu com a mãe solo, não conheceu o pai. O que era para ser apenas uma informação de vida, tornou-se uma ferida exposta durante o “BBB”. Ao ouvir uma conversa de Scooby, que também teve um pai ausente, o ex-confinado chorou e sentiu reviver a vontade de encontrar a sua figura paterna.
— É muito louco pensar na proporção que isso tomou. A fala do Scooby, de que não queria privar os filhos de conhecer o avô, me tocou muito. A diferença é que ele sabe quem é o pai. A única informação que eu sei é que o meu é vinte anos mais velho que minha mãe. Não sei nem se está vivo. Encontrá-lo não é algo que tenha se tornado a prioridade da minha vida, mas tenho essa vontade. Achei que era algo que estava fechado, mas pelo visto, não.
O assunto o fez até ter vontade de voltar para a terapia.
— Encontrei minha antiga psicóloga por acaso outro dia. Disse que iria voltar. Até brinquei que parei porque ela era “carinha” (risos). Já tive preconceito. Mas é importante. Sempre bom para nos entendermos e termos com quem conversar.
Até o momento, DG não foi procurado por nenhuma pessoa dizendo ser seu progenitor. A mãe do artista também não é de falar muito sobre o assunto.
— Sei a versão de minha mãe sobre a história. Mas ela nunca se sentiu muito à vontade para conversar sobre isso. Indo atrás do meu pai, não é algo que quero impactar a vida dela. Ao mesmo tempo, não é mais algo que a compete. Digo, em relação ao poder de decidir se devo procurar ou não. A Carol já tinha tocado no assunto, perguntando se eu não tinha interesse em encontrá-lo. Antes, parecia até mais interesse dela, para tentar entender mais traços da minha personalidade (risos). Estou indo com calma.
E falando tanto assim em família, o artista não esconde que sonha em aumentá-la. Não necessariamente agora.
— Temos vontade. A Carolina também tem muitos irmãos e gosta. Acho que é uma decisão que depende mais dela do que de mim. Eu queria que ela fizesse a pós-graduação, que sonha. E o Brasil está ficando caro para ter filho, né? (risos) Estamos juntos há 17 anos e casados há 14. Apesar de termos dois filhos, continuamos bem joviais. Estamos retomando agora os nossos programas a dois. Ontem mesmo saímos de casal. Por conta da gravidez da Morena e a pandemia, estávamos há dois anos sem sair. E queremos curtir férias em família. Estou precisando de uma boa massagem, sabe?
Cofrinho cheio
Sem dúvidas, participar do “BBB 22” tem trazido louros que Douglas Silva sempre almejou. Há fila de marcas o querendo como garoto-propaganda.
— Pensei muito antes de aceitar o convite para o programa e, no fim, sabia que me traria muitas coisas positivos. Esse programa te coloca num pedestal. Temos que respeitá-lo. E se render às redes sociais faz parte do nosso meio de trabalho hoje em dia. É uma evolução. Se me dá formas de ganhar dinheiro lá para casa, por que não fazer?
E a visibilidade lhe rendeu convites para novos projetos. Já fez uma participação no seriado “Sob pressão” e está garantido no elenco de “Todas as flores”, primeira novela de João Emanuel Carneiro exclusiva para o Globoplay. Vai interpretar um viciado em sexo, algo diferente de papéis anteriores.
Há ainda outros contratos em análise. A expectativa para vê-lo trabalhando cresceu muito, principalmente quando foi noticiado que Jade Picon, sua colega de confinamento, faria a estreia na próxima novela das 21h, da Globo. DG sabe também que boa parte desse desejo vinha travestido de uma comparação desnecessária de trajetória dos dois ex-BBBs.
— A escolha de por que Jade, ou quem quer que seja, e não eu, para um papel não cabe a mim. É algo que já existe faz tempo. E esse é o momento dela de brilhar, assim como eu tenho o meu também. Sou a favor de todo mundo que estuda e se dedica ter oportunidades. Ainda tenho muitos projetos, só não posso falar agora. Qualquer coisa vira um “auê” na internet.