Gabriel Santana estreou na TV em "Chiquititas" quando tinha apenas 13 anos. Passados nove anos da primeira vez que se viu nas telinhas, o ator já fez "Malhação", "Carcereiros" e está gravando o remake de "Pantanal". Na novela, ele interpreta Renato, um dos filhos de Tenório (Murilo Benício), papel que foi de Ernesto Piccolo na primeira versão, e ressalta a importância de Bruno Luperi, responsável pela adaptação da trama, ter transformado o núcleo familiar em um grupo de pessoas pretas.
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"Pantanal" foi exibida originalmente em 1990, na Rede Manchete. A história original contou com poucos personagens negros, algo que Luperi buscou reparar ao adaptar a obra do avô Benedito Ruy Barbosa. Para Gabriel Santana, a mudança foi essencial para deixar o enredo mais contemporâneo e de acordo com a igualdade e inclusão buscadas atualmente.
"O Tenório é um homem com duas famílias. Quando o Bruno 'contemporaniza' essa história, o Bruno (Luperi) coloca uma segunda família preta. É uma família completamente independente dele, o Renato está na faculdade e é motoboy, o irmão mais velho dele é formado e trabalha, o irmão mais novo está correndo atrás do vestibular. Com essa família, são abordadas muitas questões, mesmo que o texto nem fale diretamente de racismo. Essa representação é uma imagem muito forte. A gente vive em uma sociedade onde mais de 50% da sociedade é preta. Então, onde está isso nas novelas e nas séries? Existe e às vezes a gente não precisa levantar uma bandeira, só de estar ali já é importante", diz.
Quando "Pantanal" foi ao ar, Gabriel não era nascido. Ele conta que assistiu alguns capítulos da novela para entender a história, mas não quis ver muito para não ficar preso à maneira como Ernesto Piccolo interpretou Renato, principalmente por haver mudanças significativas no papel.
"Toda a situação é muito diferente. Na primeira versão, a família é muito dependente financeiramente do personagem Tenório, o pai. Na segunda, é uma família preta que não é dependente do pai. Brinco com meus amigos que sou especialista em remake, fiz 'Chiquititas' e 'Malhação', então, penso que um cuidado grande ao fazer um remake é não ficar preso e tentar se prender a uma fórmula. Se assistisse muito do ator que fez o Renato, poderia cair nesse lugar", explica.
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"Pantanal" é a estreia de Gabriel Santana em novelas para o público adulto. Por mais que já tenha quase uma década de carreira, ele trabalhou por anos com histórias voltadas a crianças e adolescentes. Ele analisa que Renato é o personagem com maior carga dramática que já interpretou e diz que o papel veio após anos de estudo e aperfeiçoamento na profissão.
"Vim em uma busca de me aperfeiçoar. Sempre estudei muito teatro, sou formado em artes cênicas. Tomei muito cuidado por saber que eu vim de produto infantil e aprendi a atuar em um modelo estético infantil, mas almejo fazer personagens mais maduros e com uma carga dramática maior. Fico muito ligado para não deixar esse lado, que é a minha base de atuação, se sobressair", comenta.
Desde os 13 anos na frente das câmeras, Gabriel fala que não conheceu outra vida que não fosse na mídia. O ator sentiu desde cedo a responsabilidade de ser um bom modelo para o público jovem que o acompanha e na adolescência não sabia se continuaria atuando na vida adulta.
"Não pensava a longo prazo. Pensava no imediato, estava me divertindo muito e queria continuar fazendo quilo, assim como sair com meus amigos e passar de ano. Pensava como seria no futuro porque tem gente que começa nas novelas do SBT e depois não trabalha mais, porque não querem ou porque foram por outro caminho. Isso foi uma insegurança muito grande minha. Hoje me surpreendo muito positivamente porque estou construindo uma carreira muito legal", diz.
Para o futuro, Gabriel Santana já tem alguns planos. Ele vai estrear no cinema com o primeiro papel grande, interpretando o rapper Hungria. O ator também quer se dedicar ao teatro e conciliar a vida nos palcos com o trabalho no audiovisual.