O velório da cantora Elza Soares, que morreu aos 91 anos nesta quinta-feira , será no Teatro Municipal do Rio, no Centro da Cidade, nesta sexta-feira. Inicialmente, a cerimônia será fechada para familiares e será aberta ao público ao meio dia.
Após o velório, o corpo será enterrado no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap. A notícia da morte da cantora foi confirmada pela família.
“É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais. Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação. A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”, diz o comunicado, assinado por Pedro Loureiro, Vanessa Soares, familiares e Equipe Elza.
Elza Soares seguiu cantando até os últimos dias como sempre desejou. Considerada "cantora do milênio" pela rede de televisão britânica BBC, a artista se denominou "A mulher do fim do mundo" desde o lançamento do álbum homônimo, em 2015. Foi o 34º trabalho da carreira, o primeiro exclusivamente de inéditas.
"Tudo tem seu tempo certo. Esse CD, produzido por Guilherme Kastrup, veio na época em que eu mais precisava de apoio e carinho. Tinha acabado de perder um filho e estava na luta para me recuperar após uma séria cirurgia na coluna. Deus é justo", resignou-se Elza, para completar: "E agora está aí esse trabalho incrível. Estou muito feliz".
O trecho fez parte de uma entrevista exclusiva ao EXTRA. Nela, a artista relembrou toda sua trajetória de luta e dor, até pela perda de cinco filhos.
"A Elzinha é essa mulher que eu canto. É um disco com 11 canções que me renovou. Fala de pobreza, agressão à mulher, amor, sexualidade... Tudo que eu já passei. A gente está nessa vida para lutar", defendeu ela: "Eu acredito em Deus, nos meus guias de luz. A resposta para vida está aqui entre nós. Nunca me revoltei por tudo que já me aconteceu. Não sou a única a perder filho. É claro que dói demais. Mas todos nós temos uma missão".
Apegada à religiosidade, Elza Soares declarou que sua sensibilidade espiritual era tão aguçada que o dom da premonição a acompanhava há tempos. Por duas vezes, revela, soube que os filhos morreriam.
"Eu ia percebendo com alguns sinais enquanto estava dormindo, acordada... É complicado explicar ", afirmou ela, que continuou: "Da mesma forma como aconteceu com o Garrinchinha (nascido em 1976 e morto num acidente de carro aos 9 anos, quando voltava de Pau Grande, distrito da cidade do pai-ídolo, Magé, na Região Metropolitana do Rio), foi com Gilson (morto aos 59 anos após complicações de uma infecção urinária e sepultado no dia 27 de julho, aniversário dela)", disse.
"Se eu colocar isso como primeiro plano da minha vida, enlouqueço. Deixo acontecer porque eu não sou daqui, ninguém é. De qualquer maneira, você não tem ideia de como é angustiante saber que um filho vai morrer", disse.