A ex-BBB Talita Araújo, que fez parte da edição do "BBB 15", afirmou que foi ameaçada dentro do reality show após fazer sexo sem camisinha e teve métodos contraceptivos negados dentro da casa. Ao UOL, ela lembrou dos ataques que recebeu por parte do público por ter tido relações sexuais desprotegidas e como isso impactou sua vida.
Em sua participação, ela se relacionou diversas vezes com o ex-BBB Rafael Licks. Na segunda vez, ela foi ao confessionário e pediu uma pílula de emergência, porque o sexo foi desprotegido. No entanto, ela já havia pedido a mesma pílula um dia antes.
"Por falta de orientação sexual, que nunca recebi, eu não tinha conhecimento que não poderia tomar duas pílulas do dia seguinte em menos de seis meses. Você pode julgar uma jovem de 22 anos por não saber isso? Não. Porque ninguém me ensinou", justificou Talita sobre o pedido.
Talita explica que tudo o que os brothers e sisters precisam ficam dentro de um despensa na casa, onde há uma porta com tranca, que é controlada pela produção. "Quando a gente esquentou para irmos aos finalmentes, essa porta foi trancada propositalmente ou não. E a gente não parou. Foi por isso que essa segunda vez aconteceu sem proteção".
Como a pílula do dia seguinte não pode ser usada como método contraceptivo regular, o medicamento foi negado e ela foi atendida por uma médica para exames hormonais. Quem a atendeu no confessionário foi um funcionário da Globo, que se mostrou irritado com a situação.
"Ele falou: 'A gente não é babá e não quero mais escutar história de camisinha, anticoncepcional, pílula do dia seguinte. Quero que você vá lá para fora e acabou essa história. Não quero mais escutar um pio sobre isso, senão eu mesmo te elimino do programa'. Eu saí de lá desestabilizada", relata Talita.
Fora do reality, os julgamentos não pararam. Talita diz que foi acusada de querer dar o "golpe da barriga" em Rafael e que o julgamento por isso recaiu mais sobre ela.
"Não é de hoje que mulheres são julgadas em reality shows pela postura delas. Os homens fazem muito pior e ninguém fala nada. Conheci alguém, me diverti e tive relação sexual. Fui muito julgada por isso", afirma.
"Ouvi barbaridade sobre a minha relação lá dentro pelo Rafael ser um padrão de príncipe encantado. Fui chamada desde p*ta e vagabunda até interesseira que queria dar o golpe da barriga, coisas que nenhuma mulher deveria escutar. Eu sou dona e proprietária do meu corpo".
"A sociedade deveria se preocupar menos com a mulher que está se divertindo, e mais com a mulher que está sofrendo abuso, violência e sendo constantemente sufocada, acrescenta.
A repercussão do que aconteceu no reality impactou sua vida pessoal e profissional. Ela perdeu o emprego e teve a autoestima fortemente abalada.
"Eu me senti quebrada, sabe?". Talita diz que se sentiu culpada. "Eu chorava de gritar. Queria que aquilo acabasse. Queria acordar daquele pesadelo de ouvir tanta coisa absurda a meu respeito, que ninguém merece escutar. A sociedade me sufocou tanto que me fez chegar a ponto de querer desistir da minha vida. Simplesmente pelo fato de não ter conseguido falar, 'não me apedreja tanto porque sou vítima dessa sociedade'. Fiz o que pude para continuar vivendo. Sou uma sobrevivente", desabafa.
Após passar por diversas situações de abuso psicológico e assédio sexual que viveu fora da casa, Talita afirma que conseguiu se recuperar em 2021. Ela engatou o primeiro relacionamento sério após a participação no "BBB" com um irlandês. Atualmente, ela mora em Dublin e não quer voltar para o Brasil.
A ex-BBB afirma que a participação no "BBB 15" foi um período muito sombrio. "É muito recente que essa luz dentro de mim começou a brilhar. Estou 100% recuperada. Não estou me escondendo atrás dos meus traumas, mas reprogramando eles e ressignificando essas dores. Eu me considero abençoada. Eu me conectei comigo de uma maneira tão profunda que se tudo desmoronar agora, não vou desfalecer como aconteceu. Estou na melhor fase da minha vida", finaliza.