O delegado assistente da 16ª DP (Barra da Tijuca), Eduardo Mirada, irá encaminhar ao Ministério Público em até 30 dias o termo circunstanciado em que a modelo Bianca Dominguez expressa a vontade de representar criminalmente contra a advogada Deolane Bezerra pelo crime de lesão corporal.
A moça, que estava no quarto 502 de um hotel quando o cantor Kevin Bueno, o MC Kevin, caiu da varanda, contou ter levado dela uma “pancada” no lado direito e ficado com os olhos roxos, em sua primeira ida a delegacia. Agora, a viúva do funkeiro será intimada a prestar esclarecimentos sobre o caso, por meio de carta precatória, em São Paulo, onde mora.
Na semana passada, Bianca contou ao delegado Leandro Gontijo, titular da 16DP, ter recebido “inúmeras ameaças” através das redes sociais, entre elas uma de lesão corporal por parte da advogada, no Instagram, em 27 de outubro.
A modelo relatou ainda ter tido a conta do Instagram verificada após a morte de Kevin, mas negou ter tido “ganho” ou “vantagem pessoal”, assim como seu advogado Danilo Garcia de Andrade. Ela disse estar desempregada desde então e ter deixado de cursar a faculdade de gestão comercial.
Bianca reiterou as declarações prestadas em 17 de maio, mas ressaltou que, pelo trauma e uso de bebida alcoólica, pode ter deixado de informar alguns detalhes.
A modelo disse ter feito, naquela tarde, uso de maconha de forma consentida, mas acredita que alguma droga possa ter sido colocada em sua bebida, quando estava no quarto 502 do hotel, com Kevin e Victor Elias Fontenelle, o MC VK. Em 31 de outubro, a modelo então foi a um laboratório em São Paulo e entregou fios de seu cabelo para a realização de um exame toxicológico.
A modelo contou ter entrado na suíte do hotel somente com MC VK para disfarçar, pois Kevin era casado e famoso. Ela entrou no banho, tendo permanecido no quarto os dois funkeiros. Quando terminou, eles foram para o banheiro e ela pediu um champanhe.
Ao se aproximarem da moça, Bianca teria dito que o combinado era “a prática sexual somente com um” e os rapazes prometem fazer o pagamento por PIX. Ao novamente iniciarem o contato físico, a modelo avisa que não faria sexo sem o uso de preservativo.
No depoimento, Bianca disse que Jhonatas Augusto Cruz foi até o quarto levar as camisinhas e entrou no chuveiro da suíte e logo depois mostrou-se interessado em também manter relações sexuais com ela. Kevin teria ficado irritado e dito: “Sai fora! Esse maluco vai me arrastar”. Em seguida, quando percebem que o rapaz ainda estava no local, o funkeiro abre a porta e pede mais uma vez sua saída: “Vai me arrastar, tio. Sai daí!”, repetiu.
A moça disse que, logo depois, Jhonatas teria retornado ao quarto, dizendo: “Moiô! Moiô! Estão vindo aí!” VK teria dito ao funkeiro: “Sai fora, tio, vai moiá pra você. Deixa que eu fico com a bebê aqui”. Novamente muito irritado, Kevin teria gesticulado e reclamado com VK sobre o fato de ter contratado Bianca para ter relações sexuais e não ter conseguido. Ele teria colocado o short então e ido para a varanda.
Bianca contou aos policiais que, nesse momento, sentou na cama sem entender o que estava acontecendo. Ela foi chamada por Kevin, que teria dito querer ficar sozinha com ela, mas mais uma vez Jhonatas e VK teria falado sobre a chegada de alguém: “Estão chegando! Estão chegando”, gritou o primeiro, e “Sai fora! Se esconde”, orientou o segundo.
A modelo diz ter se distraído por alguns segundos e depois já ter visto MC Kevin colocando as duas mãos na sacada, dando impulso e jogando as duas pernas para fora. Após tentar segurar no parapeito pelo lado de fora, o funkeiro teria escorregado e caído. Bianca frisou que, apesar de ter sido acusada por Deolane de ter furtado a aliança do artista, em vídeos que mostram seu resgate é possível ver um objeto brilhante em sua mão.
Em agosto, MC VK e Jhonatas reafirmaram na 16ª DP não ter havido brincadeiras e insinuações sobre a chegada da noiva de Kevin, a advogada Deolane Bezerra, tampouco discussão sobre o programa sexual que o funkeiro fazia com Bianca Dominguez naquele momento.
Diante das provas colhidas durante as investigações, a Polícia Civil irá relatar pelo arquivamento o inquérito que apurava a morte de Kevin. Em seis meses, foi confirmado o que laudo da perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE) mostrou - o funkeiro sofreu uma queda acidental da varanda da suíte 502 e não há indícios de brigas, ações violentas e crimes no caso.