Cumprindo as normas de isolamento social para conter o avanço do novo coronavírus, a entrevista com o ator Kayky Brito acontece por telefone. Apesar dos tempos incertos, o ator paulistano, de 31 anos e radicado no Rio há mais de duas décadas, parece otimistas. Diz que está usando a quarentena para estudar uma peça escrita por Walcyr Carrasco inspirada em "Otelo", de William Shakespeare. Carrasco e Brito são velhos conhecidos. Trabalharam juntos nas novelas "Sete pecado", "Alma gêmea" e "Chocolate com pimenta" - na última, o jovem deu vida à Bernadete/Bernardo. "Fiz 'esses personagens' quando ainda nem se discutia questão de gênero. Foi algo muito orgânico e leve. Estava no colégio e os meninos da classe davam risadas por eu estar de vestido e peruca com cachos em cena. Mas isso não me afetava", relembra o ator.
Leia também: Viúva de Chico Anysio acusa Mazzeo de impedir Lug de Paula de receber herança
Enquanto degusta granolas, Brito reflete sobre a passagem do tempo e as dores e as delícias de crescer diante da câmera. "Minha mãe foi bastante rígida comigo. Ela é uma das responsáveis por uma não ter perdido o foco e despirocado, como já vimos várias vezes no showbiz. Os valores que aprendi em casa fizeram toda a diferença para eu me manter com os pés no chão", conta o paulistano, que confessa ser um tiquinho inseguro em relação ao trabalho. "Às vezes, chegam uns amigos e dizem: 'Kayky, fica tranquilo. Você já tem uma carreira construída'. Nem argumento com essas pessoas porque esse meio não é assim. Hoje, você está numa produção, e amanhã pode estar desempregado."
Você viu?
Se bem que Brito não sabe o que é estar fora de cena desde que estreou em " Chiquititas ", em 2000. Seu currículo é extenso e inclui novela das nove e filme internacional, o "Finding Josef", no qual interpretou um menino de rua. "Sendo sincero, o longa não foi um sucesso. A carreira lá fora exige muito estudo, palavra que faz parte do meu cotidiano. No futuro, surgirão mais oportunidades", comenta. "O gostoso da profissão é a chance de mudarmos a cada papel, ser camaleônico. Viver da arte é realmente único."
Leia também: JN rebate críticas do ministro da Saúde à imprensa sobre cobertura da pandemia
"Sou mais engraçado do que bonito"
Solteiro, Brito afirma que é um "cara muito família". Quando está com a irmã, a atriz Sthefany Brito, gosta de trocar ideias sobre como as coisas na profissão estão caminhando e o futuro da arte. "Como não moramos na mesma casa, também gosto de abraçar e beijar a Sthefany. Temos muita cumplicidade. Nunca tivemos uma briga séria ou uma grande confusão. Nossa união é forte. Crescemos fazendo testes e íamos no carro decorando os textos", diz ele, que "desdenha" do título de galã. "Na verdade, sou mais engraçado do que bonito. Acho que esse meu jeito natural tem um certo charme", diverte-se.
Leia também: Cazarré critica quem apoia quarentena: “São as mesmas que querem soltar presos”
Quando a crise da saúde passar, o ator tem planejado o lançamento do filme "Cedo demais", de José Lavigne . "Interpreto Narciso, que vive da imagem e não para de fazer selfie. Um cara bem diferente de mim." Nota-se.