Kevin Spacey é a face do escândalo sobre os assédios sexuais em Hollywood . Ok, o ator duas vezes vencedor do Oscar é apenas uma das faces desse escândalo ainda em curso e evidência e com potencial de mudar paradigmas na indústria do cinema, mas nenhuma outra figura – e foram tantas tragadas para o imbróglio – experimentou uma queda tão vertiginosa, uma patrulha tão intensa e um desalento tão agudo como o intérprete de Frank Underwood da série “House of Cards” .
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O rompimento de relações com a Netflix, a substituição no filme “Todo o Dinheiro do Mundo” – Ridley Scott decidiu refilmar as cenas de Spacey com o ator Christopher Plummer, ironicamente o primeiro cotado para o papel do milionário John Paul Getty - , as sucessivas acusações na mídia, antigos colegas de trabalho falando desabonadamente sobre ele, investigações policiais em curso em Londres, Nova York e Los Angeles sacramentam o ano de 2017 como fatal para a carreira de Kevin Spacey .
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Não parecia que seria assim lá no começo. A expectativa pela quinta temporada de “House of Cards” era grande depois da eleição de Donald Trump, mas o ano ficou abaixo das expectativas e na esteira das acusações contra Spacey, a Netflix suspendeu a produção da sexta temporada. O único lançamento em cinema de Spacey foi “Em Ritmo de Fuga”, um dos mais hypados e divertidos filmes do ano. Nele, Spacey faz um tipo truculento e fora da lei que já encorpara em produções como “O Super Lobista” (2010) e “Quebrando a Banca” (2008). Mas aí veio o golpe. Demitido de todas as produções que estava envolvido e execrado nas redes sociais e na opinião pública, o astro recolheu-se em uma clínica de reabilitação. Ganhou a simpatia de figuras como o roqueiro Morrissey e o jornalista Gay Talese, que externou o desejo de escrever um livro sobre “a destruição de uma carreira consagrada por uma indiscrição de 20 anos atrás”.
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Gay, claro, ao tecer seu comentário desconsiderava a saraivada de denúncias que vieram na esteira do relato do ator Anthony Rapp sobre sua experiência com o astro de “House of Cards”. Bryan Cranston, que dimensionou ao longo de seis anos a transformação do pacato professor de química Walter White em um barão das drogas em “Breaking Bad”, disse que Kevin Spacey talvez tenha uma segunda chance em Hollywood. De todo modo, 2017 será para sempre tão inesquecível quanto implacável em sua trajetória.