Erika Januza é um dos grandes nomes do Carnaval 2024. A atriz é rainha de bateria da Viradouro, agremiação do Rio de Janeiro, desde 2021, e vive alguns dos desafios de representar uma escola de samba. Em entrevista ao iG Gente, Januza abordou questões como a pressão estética que sofre e as críticas ao samba no pé de famosas na avenida.
A atriz afirmou que, como a maioria das musas e rainhas de bateria, se sente pressionada a buscar um padrão de beleza e perfeição no samba. "É muita [pressão] em tudo que você faz, independente da roupa que você usa, independente do corpo que você esteja. Se você acha que está sambando muito, dizem que está sambando pouco, se você só samba, as pessoas falam que você não faz mais nada além de sambar. Então, quem assiste nunca está satisfeito e automaticamente te cobra de alguma forma em um lugar que não é positivo", desabafa Januza.
Ela, no entanto, não se deixa abater com as críticas. "Eu não sou o tipo da pessoa que me ofendo. Se você falar 'não gostei desse cabelo' e se eu tiver gostado, eu não vou me preocupar porque, em primeiro lugar, eu tenho que estar feliz. Mas eu demorei para alcançar esse lugar dessa autoestima e autoconhecimento", explica.
Januza ainda destaca a onda de julgamentos em cima das rainhas de bateria e musas, principalmente as famosas, na internet: "As pessoas se acham no direito de entrar na internet e julgar aquilo que você preparou, a roupa que você preparou ou o corpo que você tem naquele momento. Nem todo mundo consegue fazer dieta para poder chegar no lugar de corpo ideal e que corpo é esse?", pondera.
Além de Januza, outras rainhas de bateria também já comentaram o assunto. Uma delas foi Paolla Oliveira. A atriz foi atacada após postar um vídeo no ensaio da Grande Rio, escola em que é rainha de bateria, com críticas ao corpo. Ela contou que já sofreu muito com os comentários e teve que aprender a lidar
com eles.
Críticas a famosas
Januza, assim como diversas famosas, foi convidada pela Viradouro para o posto de rainha de bateria. A atriz conta que não vê problema em entrar para uma escola de samba como uma personalidade convidada, mas que é importante se dedicar ao lugar que ocupa. Deste modo, ela julga como "válidas" as críticas sobre famosas que são musas e rainhas apenas pela fama, sem ter samba no pé e sem ligação com a agremiação.
Gabi Martins e Rafaella Santos foram algumas das famosas criticadas pela forma de sambar nos desfiles e ensaios. Alguns internautas afirmaram que elas não sabem dançar e não deveriam estar ocupando p
ostos de destaque. A ex-BBB é musa da Vila Isabel e a irmã de Neymar do Salgueiro.
"Eu acho que realmente é necessário [treinar], se você tá inserindo no lugar que é de samba, eu acho que é válido. A pessoa, se ela quer estar ali, ela tem que investir nisso para poder estar bem, até em respeito ao lugar que está ocupando", opina a artista.
Januza conta da dedicação que teve para se tornar parte da Viradouro: "Eu defendo o lugar que eu estou por não ser uma rainha de comunidade. Eu sou mineira, mas eu sou uma pessoa que sou presente, eu me preocupo com um lugar que eu estou. Eu quero saber da escola, eu me esforço para melhorar, então, eu não acho que é justo dizer tem que ser da comunidade. Eu acho que a rainha tem que ser aquela que se dedica à escola, se dedica ao posto de rainha de bateria e não acho válido simplesmente esperar o Carnaval para poder ir ali e fazer acontecer porque você trata de pegar a fantasia e ir embora e desfilar".
Além se dedicar a saber mais sobre a Viradouro, a atriz tenta estar presente em todos os ensaios da escola de samba. Ela declara que isso, além de ser um ótimo treino, é um dever, principalmente das rainhas de bateria. "Eu sempre digo que a minha grande preparação é estar com a bateria nos ensaios. Porque, por mais que eu vá à academia, treinar ou correr na rua, eu posso fazer tudo para melhorar o meu preparo e o meu condicionamento, nada se compara a estar ensaiando junto com a escola com a bateria. A gente está sempre treinando ali duas, três horas por dia para que tudo saia da melhor forma. Eu gosto muito de estar presente. Eu sou aquela que só falta se realmente não puder ir".
Erika Januza desfila na Marquês de Sapucaí, à frente da bateria da Viradouro, na segunda-feira, 12 de fevereiro. A escola tem como enredo a força da mulher negra, através do culto à cobra sagrada e sabedoria africana.
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