O Homem da Meia-Noite, um dos desfiles mais tradicionais de Olinda
, em Pernambuco, voltou às ruas após dois anos de pausa por conta da pandemia da Covid-19 e chegou com as honras que merece. O calunga, que completou 91 anos dia 2 de fevereiro, foi muito aplaudido ao reaparecer publicamente na noite deste sábado (18).
O figurino do personagem central dessa festa também ganhou novos adereços para celebrar o retorno. Pela primeira vez, o calunga ganhou ombreiras externas com fitas de cetim preto, verde e prata, além de um terno cravejado de símbolos como estrela, coração e sol para estimular a identificação dos brincantes.
Neste ano, o boneco gigante saiu pelas ladeiras do Sítio Histórico homenageando oito pessoas e blocos que fazem parte do calendário carnavalesco de Olinda: Helder Vasconcelos, Reginaldo Cabral de Souza, Sérgio Barreto, Tiago José dos Santos, os personagens Mateus e Catirina, o dragão do bloco Eu Acho é Pouco e o boi de Zé da Macuca.
O Homem da Meia-Noite deixou os foliões emocionados e felizes e concluiu o desfile entregando a chave da cidade de Olinda para a troça carnavalesca municipal Cariri Olindense.
Histórico
O boneco de fraque, cartola, gravata borboleta, dente de ouro, que enfeitiça os foliões de Olinda nasceu no dia 2 de fevereiro de 1932, data dedicada a Iemanjá, quando o calunga de madeira desfilou pela primeira vez na tradicional folia. O Homem da Meia-Noite, com cerca de quatro metros de altura, é o mais antigo boneco gigante da cidade.
De acordo com o site da Secretaria de Cultura do Estado, as ruas estreitas, sobretudo a do Amparo, e o Largo do Bonsucesso testemunham a alegria e irreverência dos foliões que gastam pelos menos quatro horas para acompanhar um dos desfiles mais cobiçados da folia olindense. O percurso é praticamente o mesmo desde o princípio, e o boneco vai desfilando trajado de verde e branco, com um relógio na lapela e a chave da cidade nas mãos.
A saída acontece pontualmente à meia-noite do sábado, partindo da sede, que fica em frente à igreja do Rosário dos Homens Pretos, no Bonsucesso. O local é marcado pela prática de tradições culturais de negros escravos, desde a construção do templo religioso na segunda metade do século 17, e inclusive foi essa a primeira igreja em Pernambuco a ter irmandade de homens pretos.