A breve temporada de “A Cor Púrpura” está entrando em sua reta final, mas ainda dá tempo de se encantar com esse espetáculo que coloca em foco uma mulher que vence todas as dificuldades espalhando o amor. Em cartaz no Teatro Net, em São Paulo, até o dia 16 de fevereiro, o musical segue os moldes da premiada montagem da Broadway.
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Elenco, trilha sonora e assuntos abordados colocam “ A Cor Púrpura ” em um patamar de destaque e, pensando nisso, o iG listou cinco bons motivos para você não perder esse musical. Confira!
1. História que dialoga com a atualidade
O espetáculo se passa na primeira metade do século XX em uma zona rural dos Estados Unidos, mas impressiona por tratar de assuntos tão atuais. Inspirado no livro “A Cor Púrpura”, escrito por Alice Walker há mais de 35 anos, a história narra a trajetória de Celie (Letícia Soares), que na adolescência é vendida pelo pai para um fazendeiro – que a despreza por achá-la feia. O maior sofrimento de Celie é que com isso ela é separada de sua irmã caçula, Nettie (Ester Freitas).
Nesse cenário, o musical explora vários temas relevantes sendo que o principal é a opressão que as mulheres sofrem em uma sociedade machista. Questões sociais, étnicas e de gênero também estão presentes na história e mostram que alguns pensamentos, infelizmente, continuam similares ao do século passado. No decorrer da história, mulheres fortes surgem para mostrar a Celie que é possível se reinventar e vencer o sexismo, a violência e abuso.
2. Representatividade no elenco
O talento dos artistas em cena não passa despercebido e esse é um dos pontos fortes do espetáculo. O elenco é formado por 17 atores, todos negros, que entregam muito em cena. Além de interpretarem ao vivo músicas que exigem uma grande extensão vocal, os artistas conseguem emocionar e dosar isso com as cenas cômicas que deixam “A Cor Púrpura” mais leve.
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Letícia Soares se destaca como a protagonista que vence o ódio com o amor. Segundo o próximo diretor e idealizador do espetáculo no Brasil, Tadeu Aguiar, o musical traz uma representatividade negra e feminina para o teatro.
3. Aclamado e premiado
A trajetória de Celie é um sucesso na literatura, no cinema e no teatro. A escritora Alice Walker fez história ao ser a primeira mulher negra a ganhar o prêmio Pulitzer pelo livro “A Cor Púrpura”. A adaptação para o cinema aconteceu em 1985, pelas mãos de Steven Spielberg, e recebeu 11 indicações ao Oscar. A versão musical chegou a Broadway em 2005 e, em 2016, foi feita uma nova montagem que levou duas estatuetas no Tony Award e o Grammy de Melhor Álbum de Teatro Musical.
4. Trilha sonora de arrepiar
É difícil não se emocionar com a trilha sonora criada por Brenda Russell, Allee Willis e Stephen Bray. O espetáculo foi traduzido Artur Xexéo, que, sem perder a essência das letras, tomou a liberdade de se afastar da tradução literal para respeitar o efeito sonoro das canções. “Há, na peça, todo tipo de música negra americana: spirituals, blues, work songs, etc. Muito da ação é transmitida pela música. Então, a versão não pode tomar muitas liberdades. Tem que respeitar a intenção da letra original”, comentou o versionista. A orquestra do musical é formada por oito músicos que tocam ao vivo.
5. Cenários e figurinos bem estruturados
A cenografia do espetáculo conta com uma casa giratória que é usada de diferentes formas ajudando a construir a história da protagonista. Esse elemento central fica em um palco giratório de 6 metros de diâmetro. Uma escadaria, também giratória, contorna a casa e é usada para representar os ambientes externos. A estrutura foi inspirada nas construções do sul dos Estados Unidos.
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Já os 90 figurinos de época foram feitos com cerca de 350 metros de tecidos e passaram por um processo de tingimento artesanal. Como na época em que o espetáculo se passa as roupas eram costuradas a mão, os figurinos seguem uma linha mais artesanal – algo importante visualmente já que a protagonista de “ A Cor Púrpura ” encontra na costura um refúgio e uma fonte de renda.