Sucesso na Netflix, o filme “Sob as Águas do Sena” vem dividindo opiniões devido à sua temática, que mostra ataques de um tubarão gigante nas águas do Rio Sena, em Paris, no verão de 2024, enquanto a cidade francesa sedia o Mundial de Triatlo.
A polêmica envolve a comunidade cientifica, que acusa a obra de ficção de causar um alarme desnecessário, com uma premissa “escandalosa”, segundo Nicolas Ziani, especialista em ictiologia marinha e fundador do Phoncéen Shark Study Group.
“É uma vergonha. Caí no chão quando vi o trailer. É um apocalipse cognitivo. São quase notícias falsas. Estamos importando um problema que nunca existiu na França. O último 'Megatubarão', com Jason Statham, chega a ser mais coerente”, disse Nicolas ao Le Parisien.
O especialista afirmou que o filme “dá uma imagem de catastrofismo que beira a demência”. “[O filme] não tem credibilidade científica, mesmo que rodeie o seu tema com uma vaga mensagem ecológica, quase da ordem da propaganda", continuou.
Ziani disse ainda que o perigo dos tubarões é muito superestimado e que o filme presta um desserviço para a causa cientifica. “No biótopo francês, existem 75 espécies de tubarões que não representam perigo para o homem. O orçamento colossal de 20 milhões de euros poderia ter servido a causa dos tubarões em vez de lhes prestar um desserviço. Entretanto, a investigação para compreender melhor os nossos tubarões franceses estão em agonia durante este período.”
O professor de biologia animal e investigador do Centro Nacional Francês de Investigação Científica (CNRS), Sébastien Brosse, explica que o filme da Netflix não passa de ficção. Ao Le Monde, ele disse que os tubarões não costumam subir rios, com exceção do tubarão-buldogue, mas a espécie vive apenas em zona tropical.
Em 2022, autoridades franceses se mobilizaram para resgatar uma baleia beluga que havia se perdido no rio. Apesar dos esforços, o animal não sobreviveu.