Petra (Debora Ozório) em 'Terra e Paixão'
Reprodução - TV Globo
Petra (Debora Ozório) em 'Terra e Paixão'

Após fazer sucesso como Olívia em "Além da Ilusão", Débora Ozório embarcou em um novo universo em "Terra e Paixão", novela das nove da Globo. Como Petra, a atriz discute temas como saúde mental, dependência de medicamentos e abuso sexual nas telas da Globo.

Pela intensidade e problemáticas, a personagem repercutiu bastante nas redes sociais, principalmente após ganhar o nome de "Miss Tarja Preta". Em entrevista ao iG Gente, Ozório olha com cuidado a repercussão.

Enquanto alguns internautas riem do apelido dado pelo pai da agrônoma, Antônio La Selva (Tony Ramos), na trama das nove da Globo, a intérprete pondera. "Eu acho que a arte é para fazer a gente refletir, para fazer a gente pensar e questionar. E eu acredito que esse apelido, que não é nada carinhoso, faz a gente questionar. Então, eu acho que o trabalho está funcionando".


A atriz também fala do tom humorístico que o apelido carrega. "Como uma novela é uma obra muito longa, a gente tem possibilidade de tratar aquele mesmo tema de formas diferentes, porque assim a gente abre o leque para muitas pessoas se identificarem, já que cada um, de fato, lida de uma forma e isso faz parte dos relatos que eu recebo. Tem gente que fala: 'Nossa, eu acho muito engraçado porque eu passo por isso'. Tem gente que não gosta. Tem gente que fala que não é bacana".

O apelido "Miss Tarja Preta" derivou dos remédios com tarja preta, usados para tratar doenças mentais e que podem criar dependência, como aconteceu com Petra na novela. Tal vício pode vir pela automedicação, como também é o caso da personagem.

Uma pesquisa realizada pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), em 2019, por meio do Instituto Datafolha, constatou que a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros que fizeram uso de medicamentos nos últimos seis meses daquele ano. Vale ressaltar que os remédios tarja preta devem ser adquiridos somente mediante a apresentação de prescrição médica.

Relatos de vítimas da dependência de remédio

Como a doença afeta muitos brasileiros, Ozório recebeu diversos relatos de pessoas que sofrem do vício. Segundo ela, os depoimentos foram essenciais para a construção de Petra, já que ela busca ter contato com pessoas que sofrem dos mesmos problemas da personagem desde a preparação.

"Eu nunca passei por uma experiência como a da Petra, então, eu troquei realmente com pessoas que viveram essa realidade. Fiz um laboratório, pesquisa, perguntei e conheci pessoas. Eu assisti filmes, li livros, vi documentários, sempre sobre aquele universo, para poder me informar de todos os lados e levar isso para cena", diz a carioca, de 27 anos.

A atriz ainda detalha que um relato em especial foi a grande inspiração para a personagem. "A pessoa com quem eu mais troquei foi uma que foi muito importante para construção da Petra. Sem dúvidas, foi uma pessoa que me inspirou e que mais me comoveu porque também foi a que eu mais tive proximidade", relembra Ozório, que preferiu não dar mais detalhes para evitar a exposição do dependente.

Cena mais difícil

Com tantas problemáticas, Petra tem muitas cenas tensas e com "carga dramática", segundo a atriz. Ozório, no entanto, elegeu uma como a mais complicada de se fazer e, por coincidência, foi uma das que mais repercutiu nas redes sociais.

"A cena de mais difícil, de carga emocional, eu diria que foi aquela que ela assume, que resolve contar que ela foi abusada sexualmente", opina. A atriz pontua que, além disso, essa foi uma das cenas mais importantes da personagem, já que falar de acontecimentos do passado refletem da personalidade da jovem atualmente.





Deste modo, Ozório descreve Petra como um "desafio" na carreira. Ela, porém, celebra o fato de tais temas estarem na televisão: "Trazer isso para uma novela das nove é super importante. A gente dá muita visibilidade e as pessoas se interessam e questionam... Esse é o meu maior objetivo. A gente tem a possibilidade de tratar isso de diversas maneiras e isso faz com que a gente alcance o maior número de público possível, o maior número de pessoas, que vivem essas realidades para que a gente fale com elas e represente elas", declara.

Caso você esteja extremamente sobrecarregado, ansioso, depressivo ou pensando em se machucar, procure ajuda especializada como o CVV e CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV ( www.cvv.org.br ) funciona 24 horas pelo telefone 188. Há também atendimento por e-mail, chat e pessoalmente. Se presenciou ou sofreu algum tipo de violência contra a mulher e abuso sexual, denuncie ligando para o número 180.

+ Assista ao "Auê", programa de entretenimento do iG Gente



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