Iran foi criticado por falas sobre estupro e violência infantil
Reprodução/PlayPlus 10.10.2022
Iran foi criticado por falas sobre estupro e violência infantil

O ator Iran Malfitano foi criticado nos últimos dias por posicionamentos e falas em "A Fazenda 14". Das falas mais polêmicas, o ex-galã da Globo disse abertamente que bate na filha de 11 anos e fez uma declaração sobre estupro criticada pelos peões e pelo público que assiste ao reality da Record. 


No programa, após discutir com Bia Miranda, de 18 anos, Iran afirmou que se ela fosse filha dele, bateria na boca pela má educação. Em outra situação, cortada pela Record inicialmente, mas exibida após gerar comentários entre os peões, Iran disse que "quando o estupro é inevitável, relaxa e goza". 

A frase chegou a preocupar Vini Büttel, que alertou o colega da possibilidade de "pegar mal" com o público. No caso de bater na filha, Pétala Barreiros discutiu com o ator e afirmou que ele não pode bater nos filhos. "Na minha família mando eu", rebateu Iran. 

Para o iG Gente, o psicólogo Diogo Costa, do Grupo Reinserir Psicologia, e a psicóloga Maria Rafart, analisaram as falas do ator e citaram que o reality pode influenciar pais, além de naturalizar a cultura do estupro. 

"Contribui para mulheres se sentirem mais vulneráveis"

Para Diogo, quando Iran cita que é só 'relaxar e gozar', a frase pode fazer mulheres imaginarem que outros homens podem pensar o mesmo. "Elas podem esperar que as próximas relações continuem sendo marcadas pelo abuso e pela violência e, infelizmente, elas têm razão", analisa.

O psicólogo pontua que além dos homens que são violentos e abusadores, há os omissos e que contribuem para a cultura do estupro. "Esses praticam uma omissão covarde diante da violência contra a mulher que apenas contribui para o sofrimento de todas as mulheres, entre elas suas mães, irmãs, filhas, amigas e parceiras", lamenta. 

Segundo Maria Rafart, as falas de Iran podem, sim, influenciar o comportamento de homens e mulheres que assistem ao reality. "Daí a importância de mediação da emissora, que, caso falas do tipo caiam 'cruas' nos ouvidos dos telespectadores, podem passar a impressão de verdades incontestes", afirma.  

Maria comenta que esse tipo de atitude deve ser repreendida pela Record e até medidas judiciais seriam cabíveis no caso do comportamento de Iran Malfitano. "O público pode receber, sim, esclarecimentos em assuntos polêmicos, e o papel da televisão também é o de educar. Dependendo de que conteúdo for levantado pelo participante, é importante também tomar as medidas jurídicas cabíveis", pontua.

"Não controlar a própria agressividade é sinal de fraqueza"

Ao analisar a fala de Iran Malfitano sobre "bater na boca de Bia Miranda", Diogo pontua que isso mostra uma fraqueza do ator. "Pais, homens, adultos violentos, isso não pode ser encarado como sinônimo de força. Não controlar a própria agressividade diante de seres mais fracos e inocentes é sinal de fraqueza e covardia", analisa. 

O psicólogo pontua que a filha de Iran pode ser comportada, mas não educada. "Alguns pais podem ser levados a confundir o ideal de criança comportada com educada, de fato. São coisas bem diferentes. Uma criança pode ser comportada na frente dos pais ou de outros adultos, mas não ter aprendido como se deve tratar as pessoas e o que ela mesma deve exigir como tratamento respeitoso", afirma. 

Diogo comenta que, com atitudes como a de Iran, pais podem criar filhos violentos. "Pais que abusam da autoridade até podem criar filhos 'comportados', mas também ensinam seus filhos a esperar apenas violência e abuso dos adultos", pontua e completa: "Não é coincidência que pessoas violentas tenham sido elas mesmas vítimas da violência na infância. Violência só gera medo e mais violência". 

O iG Gente procurou a família de Iran Malfitano para comentar as falas polêmicas do ator, mas até o fechamento da matéria não houve resposta. 

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