Em 13 de outubro de 2008, teve início um dos sequestros mais longos da história brasileira. Inconformado com o fim do relacionamento, Lindemberg Alves, então com 22 anos, sequestrou a ex-namorada Eloá Cristina Pimentel, de 15, e três amigos da jovem. Na mesma ocasião, se deu um dos casos mais controversos do jornalismo brasileiro, quando Sonia Abrão entrevistou o sequestrador ao vivo no "A Tarde é Sua", programa apresentado pela jornalista até hoje na RedeTV!.
O sequestro de Eloá durou mais de 100 horas e contou com uma longa negociação com a polícia. Em um dos momentos mais críticos, no dia 15 de outubro, Lindemberg pediu para falar ao vivo com Sonia, após já ter concedido uma entrevista para a equipe da apresentadora.
"Nossa equipe estava atrás do telefone da casa da Eloá. Ligamos e ele atendeu. Aceitou falar e o repórter Luiz Guerra gravou a matéria. O Lindemberg assistiu ao programa e, quando nossa repórter ligou novamente, disse que queria falar ao vivo porque estava preocupado, não queria que o Brasil pensasse que ele era bandido. Estava apresentando o programa quando o diretor me avisou que o Lindemberg estava na linha. Com minha experiência jornalística, conversei com ele. E falei com a Eloá também. No meio da conversa, ele cortou e desligou. Todo mundo me assistiu, a polícia, a imprensa, o público", relembrou a jornalista em uma entrevista ao UOL.
Na época, a Sonia Abrão foi muito criticada pela maneira como cobriu o caso. Ela foi acusada de promover sensacionalismo, agir de maneira irresponsável e atrapalhar as negociações com a polícia, pois a equipe policial não conseguia ter contato com o sequestrador enquanto ele conversava com a apresentadora.
Apesar de todas as críticas e polêmicas envolvendo a entrevista, a jornalista não se arrepende do que fez. "De jeito nenhum [me arrependi], fiz uma cobertura perfeita, isso que as pessoas não aceitam", disse ela durante uma participação no programa "Morning Show", da rádio Jovem Pan.
Por conta da entrevista, os advogados de Lindemberg chegaram a convocar Sonia Abrão para depor no julgamento, que aconteceu em fevereiro de 2012. Na ocasião, a funcionária da RedeTV! disse que não iria comparecer ao Tribunal, pois não havia recebido uma intimação. Ela também criticou a estratégia da defesa do sequestrador de dizer que o crime só durou tantas horas por conta da extensa cobertura midiática do caso.
Leia Também
Dois anos depois do julgamento, a apresentadora do "A Tarde É Sua" se orgulhou de ter a entrevista citada no Tribunal. "Na época muita gente falou mal, mas muita gente me elogiou porque foi um furo de reportagem. No julgamento [em 2012], nossa matéria esteve entre os autos, e o Lindemberg chegou a dizer que só pensou em se entregar quando deu entrevista para mim", disse ao Uol.
O caso Eloá
Lindemberg Alves invadiu o apartamento de Eloá Pimentel, no município de Santo André, na Grande São Paulo, no dia 13 de outubro de 2008. Ele, com 22 anos, estava inconformado com o fim do relacionamento com a adolescente, de 15 anos, e manteve a ex-namorada e três amigos que estavam com ela no apartamento fazendo um trabalho de escola em cárcere privado.
Ao todo, o sequestro durou mais de 100 horas. Os amigos de Eloá foram todos libertados por Lindemberg, mas no dia 15 de outubro a polícia pediu para Nayara voltar ao lugar do crime para ajudar nas negociações. Ela acabou sendo mantida em cativeiro novamente e só conseguiu ser libertada dois dias depois, quando o sequestro chegou ao fim.
Policiais militares do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) invadiram o apartamento afirmando terem ouvido um estampido no local. Após a invasão, ouve uma troca de tiros e dois deles atingiram Eloá, um na cabeça e outro na virilha, causando a morte da jovem horas depois. Um disparo também o nariz de Nayara, mas a adolescente sobreviveu.
Foi confirmado que as balas que atingiram Eloá foram disparadas por Lindemberg. O caso foi a juri popular em fevereiro de 2012 e ele fo considerado culpado pelos 12 crimes dos quais foi acusado. A juíza Milena Dias o condenou a 98 anos e 10 meses de prisão, mas a pena máxima no Brasil é de 40 anos. Em junho de 2013, Lindemberg conseguiu uma redução em sua pena para 39 anos e 3 meses de prisão.