Criado em 2014 por Marcelo Adnet, Marcius Melhem e Maurício Farias, o “Tá no Ar: A TV na TV” chega ao fim nesta terça-feira (9) depois de seis temporadas. O programa que rapidamente se apresentou como o mais inteligente da TV aberta brasileira e que revitalizou a cena humorística nacional se despede em franca decadência e patinando na audiência.
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A audiência, é bem verdade, nunca foi a melhor métrica para medir o sucesso do programa. O “Tá no Ar” desde os primórdios se assumiu como um programa mais sofisticado e um dos cases de maior sucesso de segunda tela da Globo . Foi justamente a repercussão nas redes sociais que fez com que o programa ganhasse sobrevida – e perdesse um tanto de sua identidade.
O programa surgiu com a premissa de rir da programação da TV brasileira e, sob esse prisma, da nossa própria cultura e tacanhas convicções . Dos hits de Silvio Santos ao “Jardim Urgente”, o programa foi hábil em viabilizar críticas sociais e políticas de maneira sagaz e criativa. Por vezes de maneira leve e em tantas outras com inusitada aspereza.
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Com o tempo, porém, o humorístico se viu enredado pela crescente polarização política no País e se viu na necessidade de assumir uma posição. Até aí, tudo bem! O problema é que a partir do momento que o norte passou a ser certa agenda política, muito do frescor e criatividade se perdeu. A originalidade e a graça das esquetes foram ficando para trás e quadros como o “Fake News em Pauta”, um dos poucos suspiros do programa de semana passada, se tornaram cada vez mais raros.
A piada passou a ser um elemento secundário e a agenda política responsável pela oxigenação do programa. Se o ajuste de rota comprometeu tanto a estrutura quanto a inteligência do seriado, se fez sentir ainda mais negativamente na audiência.
Nas duas primeiras temporadas, o humorístico ainda que perdesse audiência em relação ao “BBB”, mantinha a Globo na liderança na faixa. O “Tá no Ar” chega ao fim amargando a terceira posição na audiência, perdendo sistematicamente para Record e SBT, e por vezes colocando a emissora em um improvável quarto lugar.
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A verdade é que a fórmula desgastou, principalmente pela inversão de valores e prioridades por parte dos realizadores do programa, e o fim é melancólico. Um funeral, com a presença de diversos colaboradores do programa, marca a despedida do “ Tá no Ar” . É um gesto bonito e pensado para fazer crer que o programa sai por cima. Não é bem assim, ainda que seja inegável sua importância para a TV contemporânea e para as figuras que o idealizaram.